Luto à distância: a dor de perder alguém vivendo fora do Brasil
Reconhecível.
Extremamente magra.
E aí meu irmão veio me falar que ela tava.
Numa situação, que ela estava sozinha
em casa e a demência já.
Estava. Se agravando.
Então ela não lembrava de comer. Mais.
Ela não lembrava de tomar os remédios.
Dela mais.
E aquilo foi só agravando.
Então assim
a minha mãe estava irreconhecível.
Quando ela apareceu no vídeo.
Nossa,
eu levei um susto e foi muito rápido né?
Oi pessoal, meu nome é Luísa.
Seja bem vindo a mais um episódio.
Eu decidi descer.
Aqui a gente compartilha experiências
de quem decidiu morar fora do seu país.
O papo de hoje
é sobre um dos maiores medos
na vida de qualquer imigrante
a perda de um membro da família.
É sobre amor, luto e recomeço.
E a gente vai contar a história do João.
Ele aceitou dividir com a gente
o João.
Ele era advogado no Brasil,
se reinventou na Austrália, na Austrália,
como confeiteiro.
Abriu uma loja chamada Fantasma,
em homenagem a sua mãe.
Depois, ele perdeu a mãe dele à distância,
não conseguiu voltar para o Brasil
e teve que recomeçar aqui na Austrália.
Hoje ele é líder de uma das maiores
empresas de energia aqui da Austrália.
A sua trajetória
foi cheia de curvas inesperadas
e hoje recomeçou.
Enfim.
Seja bem vindo, João!
Obrigada pelo aceitar o convite.
Agradeço pelo convite da página.
E antes da gente
entrar em qualquer assunto, vamos voltar.
Vamos começar do começo, né?
E como quer o João lá,
lá em Brasília, que o João é de Brasília,
como que foi?
E sim, você é advogado no Brasil.
Conta um pouquinho da sua história
no Brasil, da sua ligação
com a sua mãe e tal.
Então, eu venho de uma família.
Somos.
Éramos quatro pessoas dos meus pais,
meu irmão mais.
Velho e eu
a minha.
Mãe. Ela teve quatro gestações,
então a primeira foi meu.
Irmão e meu. Irmão mais. Velho.
A segunda ela teve um aborto espontâneo.
A terceira foi bem traumática,
porque o neném chegou a nascer, mas ele.
Tinham.
Tumor na cabeça
e ele faleceu com menos de um ano de.
Idade
e a quarta gestação.
Quarta gestação Fui eu.
Caçulinha e.
O caçula.
E aí, então o que aconteceu?
Desde a época dessa gravidez anterior. E.
Que faleceu.
A minha mãe.
Entrou naquela situação que,
eu imagino, a gente está falando aqui
do final dos anos 70.
Eu sou de 82.
A meta real. Foi.
Pro espaço, então eu
imagino que era isso que aconteceu.
Então a gente cresceu, eu cresci
depois de fazer terapia e tudo mais,
eu entendi que eu cresci nessa família,
que eu estava. Bem.
Numa bolha, sem fazer nada. Exatamente.
Não foi.
Certamente.
Então, assim
eu falava com o meu psicólogo.
Eu falava assim Eu tenho impressão
de que eu vim para ser. A.
Dama de companhia da. Minha mãe. Entendeu?
Então eu fui muito ligada.
A gente tinha uma conexão muito grande.
Né? Então, desde a minha infância
e tudo mais,
então teve algumas situações
de dificuldade na família,
os meus pais,
eles quebraram financeiramente,
a gente teve que mudar de cidade
quando eu tinha dez anos,
Então os amigos que eu tinha na escola,
tive que refazer tudo de novo.
É igual
você falando é a vida é uma vez, é sempre.
Um. Recomeço atrás de recomeço, né?
Então foi pra essa outra cidade, né?
Eu morei em Brasília, mas essa coisa.
Então a gente foi para essa cidade
de Goiás, que foi onde eu cresci,
Passei a adolescência
nessa dificuldade da família e tudo mais,
mas consegui fazer direito
lá nessa cidade.
E aí.
Bem no final da UP, no final da faculdade,
logo depois da graduação,
os meus pais resolveram se divorciar.
E aí foi
quando veio também aquele choque de novo.
Eu tinha 20
e poucos anos de idade, 21, 22.
E aí eu me vi. Naquela situação.
Que eu tive que em uma semana eu.
Tive que alugar um apartamento.
Eu tive e comecei a assumir dívidas de.
Aluguel.
De tudo
o mais e meu pai não deu ajuda nenhuma.
Naquela época financeira.
Você se tornou o homem da casa.
Isso porque meu irmão mais velho
já era casado, já morava em Brasília.
Então eu tive que trazer
minha mãe para dentro.
Porque também tinha aquela. Coisa.
Daquele
patriarcado bem antigo que.
A mulher não trabalhava.
O meu pai, a minha mãe
trabalhava quando era solteira,
mas quando ela se casou, meu pai
não deixava ela trabalhar mais, né?
Então, ela sempre foi dona de casa.
Então quando veio a separação, ela não.
Tinha renda a fazer, tinha que. Fazer
e não podia entrar no mercado de.
Trabalho, não tinha como.
E aí ela já estava perto de aposentar,
na verdade.
E ainda hoje eu falo que.
Com 22, 23 anos de idade eu.
Casei com a minha mãe.
Né? E aí a dependência emocional ainda.
Ficou muito.
Mais entrelaçada, né?
A gente, a nossa conexão.
Então foram quase dez anos nessa situação.
E eu peguei aquela fase dela da depressão
após a.
Separação. Né? Perdeu.
Eu acho que ela meio
que perdeu o norte, né,
porque ela se via como a mulher do lar.
Sou mãe e sua esposa agora possui
um dos meus filhos,
mora longe que faz tempo que eu sou ela.
Exatamente.
Ela ficou perdida na vida,
mas sem saber o que fazer.
E naquela situação
não queria dar trabalho, sabia?
Queria que eu tivesse independência,
mas ela também tinha a dependência dela.
Então assim, ela não tinha renda nenhuma
até então.
Assim, eu cuidava de tudo, até os remédios
que ela tomava, porque sim.
Voltando na questão, doutor,
a criança que aqui faleceu, né?
Foi quando ela
começou a tomar antidepressivo,
o remédio tarja preta e.
Ela tão boa.
Esse remédio, esses remédios todo santo.
Dia, pela vida toda, né?
Então, assim, era aquela época
que não tinha controle, então ela,
o organismo dela, ficou dependente
daquele remédio,
ela não poderia ficar nenhum dia sem.
Aquele remédio, né?
Então tudo ou qualquer despesa dela
era só.
Eu que fazia.
E remédio é caro pra caramba
porque minha mãe tomava tarja preta
e assim é caríssimo
e não pode ficar sem tipo, tem que tomar.
É complicado. Não é. Assim.
Eu lembro que era a maior dificuldade
quando eu chegava,
quando a minha mãe me falava.
Às vezes ela esquecia de me falar
que o remédio estava acabando e como era
tarja preta, precisava de receita médica,
então tinha que sair correndo.
Falar com. A médica dela.
Ai nesse ponto, nessa época
a gente já morava em Brasília,
ela já estava morando comigo e aí
eu tinha que sair correndo lá em Brasília
para ir na clínica falar com a geriatra,
médica dela para pegar mais receita
pra correr na farmácia, sabe? Era. Era um.
Era um constante. E eu vivia.
Como é que fala em standby, entendeu?
Esperando que pudesse acontecer.
Nessa época ela cozinhava o
tipo, fazia bolo ou alguma coisa assim.
Não era não, Ela cozinhava.
A minha mãe sempre cozinhou.
Muito bem.
Tanto é que eu acho que a minha paixão.
Por. Comida
começou ali também, com o exemplo dela.
E eu brinco até, como você falou
que eu tive a loja de bolos aqui
foi inspirada nela, porque eu lembro
logo depois da separação do prêmio,
nos primeiros meses
que ela estava morando comigo,
eu estava morando junto.
Eu quis fazer um bolo
e eu pedi para ela me ensinar
e foi ela que me ensinou a fazer o bolo.
Então assim não tinha como. Eu não.
Homenageá la de alguma forma.
Quando eu comecei a fazer os bolos
para assim ela cozinhar, quando eu era
criança, adolescente, ela cozinhava muito.
Todo mundo elogiava a comida dela
quando tinha festa em casa,
alguma coisa assim.
Mas é claro que com tudo isso
que aconteceu depois, com a depressão,
etc e tal, ela foi perdendo essa paixão.
Então, meio que em.
Casa a comer comida.
De manhã, sempre gostosa. Né?
Mas era aquela, era.
Sempre aquela comida rotineira, às vezes
era sempre arroz, feijão, carne moída.
Entendeu alguma coisa assim e
continuava sendo gostoso. Vai
catar! Mas também foi. Quando eu.
Comecei a cozinhar mais.
E quando que você decidiu?
Vim para a Austrália e como que a chama
foi para você
fazer esse corte, né?
Cortar o umbigo, o cordão umbilical que
por outro lado do mundo e. Foi.
Foi mais ou menos uma vontade que eu
sempre tive desde que eu era adolescente
de morar fora.
Mas com toda essa história
que eu contei para você, não.
Tinha possibilidade nenhuma.
Eu consegui eu ir para outro país.
Então aquela vontade ficou sempre
guardada, né?
E coincidiu. Que.
Eu consegui esse trabalho
logo depois de formar
em Direito, conseguir trabalho
como advogada em Brasília.
E aí a gente voltou para Brasília
e aí eu fiquei quase dez anos em Brasília,
minha mãe morando comigo também.
E ai depois.
De um tempo eu vivi aquela crise de
sai do armário, sai, não sai saindo,
saia porque eu, apesar de eu sentir
uma certa segurança com a minha família
de que daria tudo certo,
ainda tinha aquele resquício.
A gente, a gente que LGBT.
A gente sempre tem aquele medo
de não saber como vai ser
a reação da família, dos amigos.
Será que eu
vou perder essas pessoas da minha vida?
Então eu tive aquele momento de crise
que durou vários anos.
E aí.
Já tinha quase uns dez anos
que eu morava em Brasília.
E aí eu falei Não, não tem como.
Passei por toda aquela crise de saída
do armário, resolvi sair,
contei para minha mãe,
contei para os amigos mais próximos.
Então aquele tirou o peso
de sair de saída do armário.
E sua mãe aceitou.
Como que foi essa conversa com a sua mãe?
Foi uma conversa bem longa,
umas duas, 03h00 de conversa sem parar.
Ela aceitou.
Ela. Eu sabia que ela ia aceitar
porque a minha mãe ela Vejam,
ela era muito católica.
Veio de uma família.
Bem católica,
mas ela era muito cabeça aberta
a entender que ela sabia
que com ela não teria problema.
Era mais uma crise interna minha mesmo.
E realmente ela acertou,
perguntou e fez as perguntas de praxe
que toda mãe faz.
Ah, mas e se um dia
você é A questão de você querer casar,
ter uma família, entrar na igreja,
não, mãe, não, não.
Eu não tem essas.
Não, não, não, não é comigo, Ela tá,
Mas se você quiser.
Ter filhos,
eu falei mãe, eu possa ter. Filho.
Você não é um problema.
Não é um problema.
Se eu quiser ter filhos, eu posso ter
filhos, eu possa tapar, Eu tenho soluções.
Então ela aceitou.
Foi, foi, foi, foi, foi tranquilo.
Ela teve um mês de negação,
porque eu tive algumas namoradas.
Sai do armário
aquela fase que você está em tudo,
não sabe o que está acontecendo.
Como toda sogra,
ela tinha algumas questões
com as namoradas, mas durante. Um mês.
Depois que eu sai do armário, cada.
Semana ela vinha, falava sem mais
Aquela ex-namorada sou eu, mãe, não,
não tá tão. Legal.
Eu falei mãe, aí vinha outra, Não tem
aquela, vai
aquela outra irmã na não vai rolar.
Aí é uma.
Pergunta. Tem que ser.
Assim, Ok, Você é você,
você seu mãe, primeiro a sua mãe.
Já quando você era menor, você já dava
pinta, uma coisa
horrível, criança viada,
mas você já dava os sinais porque né?
Enfim. Ah, com certeza.
Eu sou mãe,
nunca vê porque tem criança que você
consegue perceber desde novinho que.
Você. Da pra perceber.
Dá pra perceber ainda mais por exemplo,
aquilo que eu falo,
ainda mais sendo um homem gay.
A gente por causa da experiência,
da vivência e tudo mais.
E é difícil de explicar o porquê, mas.
Mas tem como perceber, entendeu?
Às vezes acontece que. Você não é aquela.
Questão, aquela questão do machismo,
de achar que uma criança é mais feminina.
Não é isso, entendeu?
Mas você vê que tem.
Alguma coisa. Diferente ali. Entendeu?
Você vê que tem algo especial
ali, entendeu?
Então, geralmente dá para notar.
Dá para notar.
Gente, por que a gente não fala
por causa de preconceito
e a gente não quer entrar
numa situação complicada,
às vezes até com os pais,
alguma coisa assim.
Mas já aconteceu comigo de às vezes
tá na festa, aniversário, entendeu?
É lá em Brasília
mesmo, ver uma criança sem.
Essa e.
Isso pertence ao meu. Pensamento.
Foi. Espero que.
Os pais. Lidem bem com essa situação.
É assim
na fase da adolescência,
que é quando você meio
que acha que entende a questão
mais da sexualidade, né?
Nessa fase da adolescência,
você chegou a olhar
para os homens tipo.
Eu te pego.
Sempre.
E aí você nunca parou pra pensar
será que posso ser?
Pelo menos você nunca parou pra pensar?
Eu saí do armário para.
O corpo. Da minha mãe. Foi lá que.
A beata optou por isso que ela via
e aquela sua amiga namorando. Mas.
Mas isso foi uma confusão que eu
tive na época, porque principalmente
por estar no armário.
Eu não procurava me informar tanto.
Entendeu?
Então eu saí do armário
falando para minha mãe que eu era bi.
O que é que eu falei isso?
Porque eu tive quatro namoradas
antes, entendeu?
Hoje eu entendo que não,
que eu não era bi, que eu nunca fui.
Bi, que eu sou. Gay.
Entendeu?
Mas na época eu falei
quer saber porque eu falei assim Ah,
eu tive quatro namoradas, Uma inclusive,
foi muito apaixonado por ela, entendeu?
Mas o que você perguntou de de saber?
A gente sabe
da adolescência,
quando a gente está entrando
naquela fase de adolescência.
Você sabe. Quando?
Quando a gente é criança e menino
até a coisa assim.
A menina é meninas, mas também a menina.
Não sei o que é aquela coisa.
Mas quando você entra na adolescência,
ela muda, você começa a sentir atração.
Não tem. Nada.
Quando eu estava entrando na adolescência,
a minha atração já era.
Os meninos,
então eu já sabia que eu tinha uma atração
por menino, entendeu?
Só que quando você é adolescente,
você não dá mais.
Naquela época, não é?
Não era tão falado.
Hoje, então demorou um pouco eu entender,
tipo essas namoradas.
E quando eu saí do armário
até conversei com.
Um. Pouco.
A maioria delas, se não me engano,
elas entenderam toda a situação.
Uma delas, inclusive, ainda continua
sendo minha amiga, minha melhor amiga.
Hoje lá no Brasil.
Então assim
eu expliquei, eu falei olha.
Não é nada, aí eu fiz alguma coisa.
Não, não é nada. Não,
não é. Você entendeu?
E aí, realmente.
Eu falei Pô, por uma delas
eu fiquei muito apaixonado.
Quando eu estava com ela, eu não tinha
olho pra mais ninguém.
Nem mulher e nem homem. Entendeu?
Então, talvez tenha sido isso,
essa minha confusão
de quando eu falei para minha mãe Mãe,
eu sou bi, mas não naquele momento ali,
porque eu era o que eu conseguia falar
para ela, até o conhecimento que eu tinha.
Mas hoje, olhando pra trás, eu sempre fui.
E aí você decidiu Ok, vou pra ostra.
Primeiro porque Austrália, porque né?
Enfim, tem cara.
Tinha na época Canadá, Europa
era uma opção porque a Austrália.
Por causa do meu país,
até o que aconteceu foi que.
Depois de sair do armário e tudo mais,
comecei a namorar com. Meu ex.
Conheci ele pelo aplicativo,
por um dos aplicativos.
E aí.
Como eu sempre tinha essa vontade
de morar fora no nosso relacionamento,
a gente começou a namorar pouco tempo
depois que eu sai do armário.
E aí.
Ele veio me falar
que ele sempre quis morar fora.
Também e ele tinha uma paixão
pela Austrália, que.
Ele queria vim para cá e na minha cabeça,
claro, eu pensei Ah, falei assim.
Oi? Juntou a fome com a vontade de comer.
Após pronto, foi.
Mais ou menos. Isso.
Mas antes disso.
Eu falei assim porque a mesma pergunta
por que a Austrália,
lugar do outro lado do mundo?
Você está doido?
O quê que eu.
Sei da Austrália?
Sidney Canguru, cachorro coala.
Teve Olimpíadas aqui?
Eu nem sei.
Porque eu nem
sabia disso. Ela também sabe.
E aí eu falei.
Tá, pode ter uma opção. Opa.
É o Pan australiano, que até
então a gente achava que o pão era.
Eu achava que eu era australiano.
Eu tinha plena certeza
que era um restaurante australiano
até mandar pra cá.
E aí o que aconteceu foi que.
Muita coisa aconteceu
nesse nosso nosso relacionamento
pessoal, de trabalho, dele e tudo.
Mais.
E aí teve um momento.
Que ele não estava trabalhando.
Ele falou assim Olha,
eu acho que eu vou para frente
com esse plano de ir para a Austrália.
E aí a gente.
Tinha mais ou menos
quase um ano de namoro.
Aí ficou naquela situação.
Porra, agora que a gente está começando a.
Se entrosar, a gostar um do outro,
relacionamento
está engajando Vamos fazer o quê?
Só que do mesmo jeito.
Eu pensava Eu não posso simplesmente
largar do meu trabalho
que eu tinha um trabalho até estável.
Até esse momento.
Minha mãe morava comigo.
Eu era responsável por ela.
Então eu falava não tem como eu
simplesmente sair desse cenário aqui.
Por mais que eu tivesse.
Vontade, eu tinha que me organizar, né?
E foi o que eu falei para ele.
A Seleção organiza
sua vida para ir para Austrália.
E eu vou.
Deixa eu pensar.
E aí pensei por algum momento.
Dois minutos.
Eu vou algumas semanas.
E aí foi o que eu falei para ele.
Eu falei assim. Olha,
porque aí eu fui pesar, eu. Falei assim.
O que eu tenho que.
Organizar a minha vida para poder,
para eu poder ir para Austrália?
Primeira coisa no topo da lista minha mãe,
Vou fazer o quê com a minha mãe?
Ela não trabalha.
Ela estava só aposentada, com.
Aposentadoria,
tinha um salário mínimo do Brasil.
E nada.
Que é nada.
Falei
assim, dava só para os remédios dela.
Então vou fazer o quê?
E aí eu falei
Eu tenho que aprender muita coisa.
Só que tudo se encaminha também, né?
Isso tem que ser.
Quando tem que ser.
A gente sabe que tudo se encaminha.
Então, o que acontece?
Conversei com a minha mãe. E.
Ela super entendeu, mas é claro,
a gente tinha que organizar a vida dela
para ficar lá no Brasil, né?
No trabalho
eu fui demitido
e aí.
Eu trabalhei, eu
acho que sete ou oito anos nessa empresa,
Então a minha rescisão foi bem legal.
O dinheiro que eu recebi da rescisão
e o interessante é que eu ainda apliquei.
Eu ainda.
Me. Candidatei a um outro trabalho
como advogado no Brasil, consegui.
O trabalho
e. Eles aceitaram pagar o valor.
Que eu pedi de. Salário e era a empresa
que eu sempre quis trabalhar.
Assim, com todos os direitos.
Bem, os benefícios que eu queria.
E eu lembro que eu fiz
as duas coisas em paralelo.
Eu apliquei para o meu visto
para vir para Austrália
e eu fiz todo o processo seletivo
para conseguir.
Trabalho nessa empresa.
E aí deu.
Certo, eu comecei a trabalhar,
eu lembro até hoje.
Eu comecei a trabalhar lá de dois
a 3 de janeiro, logo depois do réveillon.
Duas semanas
depois, o cara da agência ligou falando
que o visto para Austrália
tinha sido aprovado por.
Eu falei e agora?
E aí foi quando eu falei assim Ah,
quer saber uma coisa?
Pode ser o trabalho que eu pedi,
do jeito que eu pedi,
com os benefícios que eu quis,
com o salário que eu pedi.
Queria ele só para me pagar,
mas daqui seis meses, um ano eu vou estar
estagnado, infeliz,
do mesmo jeito que eu estava no outro.
E agora que essa chance
de mudar para outro país
apareceu, coisa que eu sempre quis
desde a minha adolescência,
não tem como
eu disperdiçar essa chance
agora, entendeu?
E aí eu.
Vou conversar com o meu chefe.
Na época eu falei para ele Me desculpe, eu
sei que acabei de entrar aqui na empresa
essa dois meses.
Eu acho que eu tinha entrado na empresa,
mas eu estou
pedindo demissão
porque eu vou mandar postar.
E aí foi.
O drama de tomar essa decisão. Né?
E depois vou conversar com a minha mãe,
falar para ela.
Eu tinha tomado a decisão de vir postar
que a gente precisava organizar e fazer.
E aí foi quando veio todo o drama da.
De como a gente ia organizar
para a minha mãe ficar no Brasil.
Porque você era responsável por ela. Era.
E aí.
O que é que aconteceu?
Foi meio.
Complicado, foi meio dramático,
mas tudo se resolveu.
O que acabou.
Acontecendo na época,
porque a minha mãe voltou para a cidade
em Goiás, cidade onde ela.
Nasceu, no.
Interior de Goiás. Ela voltou a. Morar lá
e o meu irmão.
Ficou responsável
de pagar o aluguel do apartamento.
Dela.
E é nessa cidade que eu
ainda tenho duas tias
e alguns primos que moram lá.
Então tinha gente da família perto dela.
Entendeu? Ela tinha uma rede de apoio e.
Então assim.
Foi bom porque ela não quando ela tinha,
quando ela estava comigo.
Eu era a única rede de apoio dela, né?
Eu que cuidava de tudo
pela parte financeira dela.
Então assim precisou
eu tomar a decisão
de cortar o cordão umbilical igual
você falou de sair de casa, eu tive que.
Sair daquele cenário.
Para tudo
se reorganizar na vida dela e para tudo.
Se organizar na minha vida também.
É muito engraçado, porque
é a mesma experiência que eu tive
quando eu vim para cá,
porque quando eu vim para cá,
meu pai era falecido, já, né?
E eu acabei
meio que me tornando responsável,
me sentindo responsável
pela minha família, por estar junto,
trazer minha mãe,
minha irmã, meu irmão, todo mundo.
E aí quando eu vim para cá,
eu eu decidi por conta do Cléber.
Vim para cá porque ele quis. Ele sempre.
Eu gosto, eu sempre, tipo,
não quero morar fora, quero morar fora.
Ele me convenceu.
E aí, quando eu cheguei aqui,
eu falei Caramba, eu.
Eles conseguem viver sem mim, sabe?
Eles conseguem.
E. Tá tudo bem,
A vida continua do seu jeito.
É muito louco isso, né?
E é aí, foi isso.
Então a minha decisão
de vir para Austrália foi isso.
Foi uma mão, um desejo meu de adolescente
praticamente criança
e de adolescente de sempre morar fora.
E ficou incubado todos aqueles anos
porque a minha vida não permitia
que eu fizesse nada disso.
E aí, o.
Que é que aconteceu?
Que quando chegou. O momento.
Que tudo se organizou para isso acontecer?
Aquele momento que você para e pensa.
Ou vai ou racha, entendeu?
E aí eu tomei.
A decisão. E falei vamos para lá.
E aí deu tudo certo.
É o que eu falei a gente aplicou, visto
o visto, foi aprovado, blá blá blá.
E aí a gente veio para cá, entendeu?
Foi quando mudou para Austrália.
E aí vocês chegaram aqui em Brisbane,
que você comentou.
Comigo.
E como que foi esse início?
Porque assim a gente.
Olha que loucura!
Eu acho que quando a gente sai do Brasil,
a gente sai com muita expectativa.
E aí, ou das duas, uma.
A minha experiência foi ótima
e eu assim morei numa casa.
Eu falo também operadora, com mais oito
pessoas, sei lá, foi uma coisa de louco.
E isso não chegou a acontecer com eles.
Eu morei com muita gente assim, era só eu
e mais uma menina
e o restante, sei lá, nós seis,
oito rapazes,
dois banheiros e um e um chuveiro.
E nunca teve problema com o pessoal.
Tipo de horário de banho. Nossa.
Cara, foi a melhor experiência
da minha vida, foi muito legal em
e tal, Mas aí você veio para Brisbane
e a gente, quando a gente tipo eu não vou
largar, tudo faz, vou ver o sol nascer,
o dinheiro vai cair, eu posso ganhar.
É um sonho.
Como é que foi seu início?
Então eu falo
que o atendimento na agência lá no Brasil
foi ótimo.
Com exceção de um único detalhe,
o plano do meu ex era mudar para Brisbane,
só que o nosso orçamento não dava.
E aí, o que aconteceu?
A gente deixou aquela lista só da Ana umas
duas semanas, até que o cara da agência
entrou em contato com a gente, falou assim
Olha, tem uma escola de inglês.
E tá com.
Um curso de inglês em promoção,
50% desconto, metade do preço.
Mas em Gold Coast não é empresa
que é perto e 01h00 de
uma cidade da outra. E aí.
Quando refez o valor do orçamento,
encaixou no nosso.
Orçamento.
E aí foi quando a gente decidiu vir.
Então a gente mudou para, colocou.
Outro e aí? E aí. O que acontece?
O problema que eu falo
que foi uma falha da agência na.
Época.
É que eles não avisaram para a gente
que Gold Coast é uma cidade turística
e a gente mudou para Austrália em.
Março,
depois do.
Verão, no final do verão.
Então, o que acontece quando a gente muda
para Austrália, quando.
A gente não conseguiu emprego.
A gente não achava
emprego em lugar nenhum.
E naquele nessa.
Situação de ficar procurando emprego,
morando no.
Exterior.
Pagando aluguel não sei o quê.
Não só por você ser.
Por passage,
que quer tudo por semana ou quinzenal e.
Geralmente e. Geralmente um por semana.
E aí.
É que aconteceu.
O dinheiro do Brasil.
Oi, oi linda. Entendeu?
Teve um momento que o dinheiro do Brasil.
Acabou o meu o.
Dinheiro acabou,
o dinheiro dele acabou do meu ex acabou.
A gente só.
Tinha um cartão de crédito, eu tinha.
Um cartão de crédito e aí que acontece.
Eu lembro direitinho.
Teve um dia que a gente foi
no caixa eletrônico ao lado da escola.
Eu saquei tudo o que eu.
Podia do limite desse cartão de. Crédito
e com o dinheiro na mão, eu.
Olhei para ele e falei Acabou,
É isso aqui,
Quando esse dinheiro aqui acabar.
Tá era.
Vamos passar. Fome. Exatamente.
Eu pensei evite e veja na escola que
a professora estava dando aula de inglês.
Eu vou olhando para ela pensando
será que eu vou ter que dormir na praça
nesse frio?
Eu vou morrer.
É possível que eu tenha uma alma caridosa
de um lugar nessa cidade?
Será que não tem ninguém
que aquelas comidas tipo serviço social.
Aqui. Foi, foi pesado.
Então assim a gente caminhou
e a gente chegou em março,
então a gente estava indo pro inverno.
E quanto custa uma cidade turística?
Então a gente não conseguia emprego.
Então, assim.
Como houve muita luta.
A muito custo a gente conseguiu empregos
assim aqui, um emprego.
Ali, o meu ex.
Ele teve um momento que a gente
teve que sair do apartamento, que a gente.
Morava.
Porque a gente não tinha dinheiro
para pagar aluguel.
E aí a gente, o que aconteceu?
Ele. Ele tem um primo que mora lá.
Então ele foi morar na casa desse primo.
Mas eu não poderia ir para lá.
Entendeu?
Por várias situações, eu não iria para lá.
E aí que acontece a gente ficar mal.
Lugar para eu. Morar.
E aí eu lembro direitinho que eu.
Entrei num site desses de.
Pallet, meio. Flop, flatmates.
E aí eu mandei.
Mensagem
contando a minha história, minha situação,
falando que eu não tinha dinheiro,
mas que eu topava trabalhar,
fazer qualquer coisa para pagar meu
aluguel em troca do aluguel da moradia.
E eu acho que eu mandei.
Mensagem para umas 100, 200 pessoas.
Duas me responderam
e aí uma delas falou Ah, vem aqui em casa,
vamos conversar.
E era uma casa que aceitava estudantes.
Lá, né?
E aí ela falou assim
Olha, eu li sua mensagem, achei.
Achei
tocante o que você escreveu na mensagem.
Eu tenho quarto.
Disponível aqui e realmente eu.
Tô precisando de gente que ajude a limpar
casas.
Se você quiser e tiver interesse,
pode ficar aqui por alguns meses só.
Claro que é muito Long também era inverno.
E. Estava indo para o inverno,
então ela falou Se você quiser ficar aqui,
você fica num quarto e você ajuda
limpando na área comum da casa,
cada estudante limpava seu quarto
e aí foi o que eu fiz, foi o que eu fiz.
Então o meu ex ficou morando
na casa do primo dele
e eu fui morar nessa casa e eu
não tinha dinheiro para pagar aluguel,
mas eu limpava.
A casa para poder.
Compensar.
Eu estava usando o quarto deles
lá para casa e ai essa situação ficou
até junho.
Julho acontece dessa forma
e é aquilo que eu falo.
As vezes eu vejo gente
reclamando de dinheiro
aqui na Austrália também,
com as coisas tão cara e tudo mais.
Eu lembro que nessa época eu dava
aula de português.
Para.
As filhas de uma
de um casal de brasileiro,
eu ganhava 40 $ por semana.
E o meu. Ex limpava uma.
Loja no shopping.
Por 40 $ também.
A gente passava cada um.
A gente passava a semana com 40 dólar.
Hoje em dia isso não passa nem dois dia.
Não, não, não dá, não dá.
Quando eu. Paro e pensa
nisso, eu falo assim como.
Nunca.
Como eu consegui fazer.
40 $ durar uma semana inteira, Enfim.
E aí.
Depois de sair, passou
aqui na Austrália final do ano fiscal.
E junho.
E aí. Passou o final do ano fiscal. Julho.
E aí as coisas começaram a melhorar
um pouquinho.
A gente conseguiu emprego num. Hotel.
Limpando quarto de. Hotel e aí meio.
Que virou emprego fixo.
Então a gente teve uma renda mais fixa.
E aí.
Foi quando a gente conversou com a agência
também,
porque o nosso vício estava acabando.
A gente conseguiu com a ajuda da agência,
agência e as meninas da agência
que passasse fizeram assim malabarismo
para ajudar a gente.
E aí a gente conseguiu renovar o visto.
E aí foi aí que começou.
As coisas melhoraram um pouco.
Nesse início
e não foi fácil
assim.
Você consegue lembrar de um momento assim
mais marcante e você?
Não sei se você chorou
ou se calado no quarto.
Coberta
paredes, corredor.
Eu quero ver alguma coisa assim.
Várias,
várias vezes.
PPP Nossa, sinceramente, teve.
Teve um momento.
Eu lembrei de um agora,
teve um momento aqui.
O meu estava morando
na casa do primo dele. Né?
E eu estava morando
nessa casa de favor, né?
Eu limpava e aí eu lembro que teve
um dia que era longe as casas, sabe?
Então eu lembro que teve um dia que ele.
Veio.
Até a casa que eu estava morando
para me visitar.
Eu já tinha dias que a gente não se via
porque tinha que fazer os 40 $ render.
Então eu podia pegar ônibus
qualquer hora do dia.
Eu tinha economizar dinheiro, transporte.
Mas teve um
dia que ele veio, foi lá
na casa que eu morava.
E ele estava.
Muito abatido, muito abatido, sabe?
Acho que o pavimento ao redor dele
devia estar também super abalado.
E aí eu lembro que naquele dia,
eu, quando
e quando ele veio conversar comigo
falou que estava muito difícil,
que não estava aguentando, que ele achou
que Austrália seria um sonho,
alguma coisa assim, né?
Mais ou menos nesse estilo,
não vou lembrar direito
as palavras, mas eu lembro que chorou.
Eu, a gente chorei.
Enfim, quando ele foi embora, me bateu
aquele peso
de pensar
eu tenho que fazer isso.
Para ser por nós dois.
Entendeu?
Eu falei assim isso tem que.
Olha que engraçado,
ele quis vim e ele pensou vamos voltar.
João isso super aconteceu comigo
quando a gente chegou aqui.
Adelaide O Cléber demorou para engrenar
e tudo mais.
Foi uma época difícil, né?
É engraçado, né?
Quando a gente chegou, foi maravilhoso.
Quando a gente veio para cá, para
Adelaide, foi quando
as coisas começaram a ficar difícil
e ele falou Eu quero voltar,
eu prefiro não.
Ninguém volta aqui nessa época,
ninguém sai daqui e do pé ninguém rs.
Essa na verdade foi.
Acho que a segunda vez que a gente
teve essa conversa se tiver enganado,
porque logo depois de três meses
naquela fase que a gente não achava
trabalho,
eu já tinha uns três meses
que a gente morava.
Aqui, morava. Na Inglaterra.
Ele veio falar para mim, falar
que ele queria voltar.
Para o Brasil,
Ele não queria ficar aqui.
Mais.
E era o visto de seis meses
e todo mundo muda para Austrália.
Estudante E aí.
Ele veio falar para mim
um dia que ele queria voltar.
Não estava dando certo, não sei o quê e eu
falei para ele Então você pode voltar,
porque eu não fiz essa mudança inteira
na minha vida, né?
Depois de toda essa história
que eu já te contei aqui,
não tinha como eu fazer
toda essa mudança da minha vida
para depois de três meses eu simplesmente
desistir e voltar pro Brasil de destino.
Não era uma opção
na minha cabeça.
Desistir não era uma opção.
Eu vim para ficar aqueles seis meses,
mas o plano era ficar pelo -1 ano.
E assim você chegou.
E pelo que estamos falando, você sempre,
sempre teve que ser a rocha,
a rocha da sua mãe, a rocha do seu pai.
E quando essa rocha desmoronou, a.
Essa rocha desmoronou.
Várias. Vezes.
A Não, não, não foi que eu falei?
A rocha. Sempre ata.
Mas ela desmoronou várias vezes.
Mas a maioria do tempo eu sempre
tive essa sensação na minha cabeça,
mas na minha.
Cabeça.
De que eu precisava ser essa rocha.
Talvez isso foi uma coisa que eu coloquei
em cima de mim mesmo.
Pode ser?
Então assim foi.
Foi bem, foi bem, foi bem.
Difícil,
porque depois de toda essa fase encontrou
o pai, começou a melhorar um pouquinho.
E aí a gente, a gente.
Eu falei para você,
eu vou ficar na Austrália
e aí a gente fez o plano a longo prazo
para poder ficar aqui na Austrália,
que era eu
fazer o curso de gastronomia. Aqui.
E me tornar chefe.
Porque chefe o professor.
Analista. Porque você.
Na época, quando a gente.
Conversou na agência.
O meu ex. Ele fez administração no Brasil.
Eu trabalhava. Empresa.
E eu era advogado.
Para eu ser advogado na Austrália
eu tenho que fazer faculdade de novo.
Ou então fazer um curso de dois anos.
Exatamente.
Então, assim, conversando com a gente
imigração, eles falaram não tem como.
É mais fácil
você começar a fazer direito de novo.
E naquela época não era muita certeza
que a gente ia ficar na Austrália, não.
Aí eu pensei
foi assim, como que eu vou fazer?
Começa a fazer direito, volta.
Pra. Faculdade, pra universidade.
É uma fortuna.
Não tinha como eu pagar
Primeiro problema e segundo
começa a fazer faculdade na Austrália.
Alguma coisa acontece porque vida
no exterior é imprevisível, né?
Então dá algum problema.
Tem que mudar.
A gente não volta para o Brasil,
vai para outro país.
Aí eu faço o que começa a faculdade
de Direito lá nesse outro país, de novo,
porque cada
ano cada país tem um sistema jurídico, né?
Então eu teria que fazer direito.
Quantas vezes eu ia fazer direito
a minha vida.
Então assim.
Então a gente pensou
talvez seja menos complicado para. Ele.
Já que ele é tratar administração
e tudo mais
e trabalhar escritórios de empresa,
financeiro seja mais menos complicado
para ele conseguir.
Um emprego para ele.
Mas então quem vai fazer o.
Curso sou eu.
E eu falei
vou fazer um curso de gastronomia,
porque eu
terminando o curso de gastronomia aqui,
mesmo que a gente mude para outro país.
É a mesma coisa.
Não precisa ter diploma de gastronomia
da Europa, do Canadá, tá, tudo.
Isso precisa ser certificado.
Cordon Bleu. Não.
E aí eu posso ser chef.
Poderia ser chefe em qualquer país.
E aí foi o que a gente resolveu.
Por isso que eu falei
você. Gostava de cozinhar. Né?
E eu já. Gostava de cozinhar.
E aí o plano
então foi mudar de gosto para a gente.
Estava traumatizado já também, né?
O plano foi mudar de curso para.
Melvin e aqui.
Na Austrália, a melhor cidade para para
restaurante preparar essas coisas, né não?
Sydney
é bem.
Parecida. Existe a rixa.
Mas você não pensou ir para Sydney
porque sede
não é tão grande
quanto Melbourne. Não, Não sei.
Então, eu acho que.
Acho que eu conversei com muita gente
e todos eles falaram
Meu medo
é mais a sua cara, mais o seu estilo.
É mais multicultural,
tem mais restaurantes, tem mais.
Vai ser melhor para você como profissão,
ser chefe lá
e para.
Eu ia.
Falar que para mim foi um problema,
Não foi um problema meu. E.
Para mim foi ótimo, porque para mim
meu mundo foi luta, foi amor à primeira.
Vista e o meu primeiro dia em meu mundo.
Eu olhava aquela cidade, eu falava assim
gente, eu amo. Esse lugar, é.
Maravilhoso, Prédios.
Prédios
andando, gente andando,
bom de barulho, buzina,
museu parecido, sabe tudo.
Eu gostei da. Grande cidade grande.
E até hoje eu amo meu.
Adoro aquela cidade.
E aí? Só que ele não foi muito fã de Mel.
Ele não se adaptou.
Muito, mas a gente morou lá quatro anos.
Então eu fiz
o curso de gastronomia lá, me formei. Lá,
terminei o curso.
E me deu o visto. Estudante também. Né?
E aí.
Entrei no visto de no quatro oito
Visa lá o quatro de cinco. Né?
E aí fiz a parte de.
Experiência profissional.
Com profissional
e não sei como explicar isso no Brasil,
mas fiz isso tudo que precisava.
E aí.
Quando a gente.
Estava pronto para poder pedir.
A nossa residência permanente.
Lá, o governo mudou as regras.
Isso e o governo mudando as regras
como sempre, né?
A nossa história,
que aqui eu falo para todo mundo.
Você faz aqui na Austrália,
você faz um plano a longo prazo.
E reza para dar certo.
E graças ao bom Deus,
os anjos conspiraram ao nosso favor.
E assim o nosso plano a gente
possível traçar direitinho.
Mas o que já teve diz assim Ah,
vou fazer isso.
Quando chega o chefe mesmo
já saiu da lista. Já.
Voltou viva e essa é a nossa vida.
E sai de uma vez e não sai de outra.
A nossa vida é lista de agente imigrante
e lista do processo migratório
que passo que está aqui para poder ver.
E é um processo assim,
se você conseguir sobreviver a tudo
que cai em cima da gente,
Mas como imigrante, realmente você.
Merece. Porque é angustiante.
Porque assim vocês vieram
com o visto de estudante
e e você só pode trabalhar 20 horas.
Aí depois você fez o curso,
aí você aplica para O48, 05h01.
Visto que você pode trabalhar full time,
você e seu par, seu companheiro.
Se você tiver companheiro
e você tem que cumprir
mais horas, acho que são 1000
e poucas horas de trabalho, sei lá.
Para 2000 e
para toda,
para para toda e qualquer profissão.
Acho que não.
Sei se é para toda profissão, para chefe.
Eram quase duas 1000.
Você compra isso e aí você aplica
aí, aí, aí que vem o Tomba,
porque aí que você ou aplica
para residência permanente,
ou você aplica para um visto temporário
e aí depois é o visto permanente
e aí depois a cidadania,
o pessoal aqui não brinca,
não percebe que nosso dinheiro já é.
Difícil e o.
Processo ele é feito para dificultar
ao máximo possível.
E na época, lá, lá, lá, lá atrás,
eu conheci,
eu conheci uma pessoa que ela falou assim
que quando ela pisou peguei Adelaide.
Eu vejo que a cidadania. Aqui.
Eu também já conversei com uma senhora,
uma vez que eu falei com cultura
a conversa que a senhorinha chinesa diz
ela que botou Austrália,
se eu não me engano,
acho que no início dos anos 80.
Eu acho que a. Residência permanente
dela saiu em. Seis meses.
E nossa.
Minha senhora, que sorte a sua
você ter noção de como está.
Hoje.
E vem cá e como que foi,
porque assim você já veio
com o seu partner,
o seu companheiro e tal,
passou por preso,
teve preconceito
porque muitas pessoas não são gente,
hoje não é a melhor pessoa
Quando você quer conversar
sobre preconceito
e eu aprendi muito com ele do tipo ah,
é pena que é gay.
Isso é super
uma fala super preconceituosa.
Então assim, aprendi muito com o João.
Como que foi?
Você teve preconceito?
Você tem amigos héteros, né?
E às vezes solta essa piada
como que é tipo.
Oh, eu não tenho nada contra hétero,
Inclusive tem.
Amigas que são. Não.
Não é tudo e que você não tem nada contra.
É um negócio que as. Pessoas tem LGBT.
Vai entender Essa piada que eu fiz.
E veja,
a gente soltou mais umas coisas
que a gente.
Eu eu vivi numa de coração.
Eu vivi numa bolha, né?
No Brasil.
E quando eu cheguei aqui
convivendo com essa comunidade,
foi que eu comecei a tipo opa,
isso aqui tá errado, isso aqui tá errado,
você é criado como que você enfim, veio
pra cá já como companheiro?
Se você teve preconceito tipo ah não,
esse emprego.
Então, esse emprego estava disponível
até um minuto atrás, mas pra você
agora não é? Ou então do tipo
amigos numa roda de amigos.
Poxa,
sabe, essa foi como que foi? Sim.
Isso em outro país e tudo mais e tal.
Eu vou te falar que ok.
Nesse ponto não é preconceito. Meu.
Contra brasileiro, mas as vezes que
isso aconteceu foi em roda de brasileiro.
Eu tenho o exemplo, por exemplo,
na escola de inglês e estudei inglês
assim que eu mudei para Austrália.
Meu ex também, claro, estudava inglês lá.
Eu lembro que
quando o curso de inglês estava pra.
Acabar.
E a gente ainda tinha um tempo de visto.
Você geralmente já emenda um outro.
Curso, alguma coisa assim,
ou mesmo que você queira renovar o visto
para fazer outro curso.
E aí eu lembro que eu fui conversar
com a diretora da escola,
eu estava conversando com ela
na hora do intervalo.
Lá, e até então.
Poucas pessoas na escola.
Assim, o pessoal da nossa. Turma.
De inglês, inclusive a professora,
todo mundo sabia que a gente era um casal,
só que assim,
eu nunca tinha verbalizado isso
na escola para diretoria.
Então quando eu fui conversar
com a diretora da escola,
aí veio a conversa A gente está pensando
em como vai ser o próximo curso,
porque a gente vai precisar
renovar o nosso visto.
Vai ser um visto diferente,
porque a gente está pensando
em nome de quem que vai aplicar o visto
e o outro vai ser o dependente do vice.
Porque, você sabe, a gente é um casal.
Quando eu falei isso na minha cabeça,
eu já estava esperando uma reação dela.
Luísa
Ela não mudou a cara dela
continuou a mesma.
Diretora da escola australiana.
Para ela, não fez diferença nenhuma.
Se eu e o meu.
Ex a gente era um casal ou não,
se eu era gay ou não.
E geralmente isso acontece.
Aconteceu comigo aqui
esses anos todos na Austrália,
com pessoas de outro país,
com outro, de outros países
não brasileiros.
E já teve algumas situações,
ainda bem que não muitas.
Mas teve alguma, eu posso lembrar, sei lá,
umas duas ou três.
Agora que eu já escutei
piadinha, piadinha de viado.
Entendeu? Tipo, que isso?
Porque você falou sempre a.
Situação 100.
Por exemplo,
Eu lembro de uma vez lá enquanto estava na
sei lá, no jantar com uns amigos. Lá.
E eu acho que só eu e o meu ex.
A gente era o único casal gay
lá da tal roda, Era todo mundo hétero
e aí soltaram uma piada lá,
alguma coisa e um dos caras da roda
falar Ah, por que você está
fazendo essa coisa de viado?
Eu acho que ele percebeu.
Ele ia fazer a piada, lembrou
que a gente estava lá e meio que tentou.
Cortar, mas ele já tinha saído, entendeu?
Então assim, eu percebi isso,
infelizmente, poucas vezes.
Ainda bem, porque eu também eu passo.
Eu parto do princípio de.
Que quando.
Você decide sair do Brasil
e morar no exterior,
não estou falar que as pessoas que
ficam no Brasil não são assim,
mas quando você faz de tudo
por princípios,
que você vai sair do Brasil
para morar no exterior,
você já tem uma cabeça mais aberta.
Então isso, essa questão de preconceito,
não, não acontece tanto.
Mas ainda acontece aqui.
Entendeu?
E geralmente essas vezes,
por um brasileiro.
Mas no geral não é.
Passa o perrengue.
Passa por essa fase aí.
Salto Alto parte dois
passa por um momento difícil lá e meu e
a sua comunicação com a sua mãe
durante esse período,
porque assim aprendeu a pedir perdão.
Você falava com a sua mãe,
Você compartilhar a sua mãe?
Poxa, mãe, olha só.
Putz, tá difícil aqui ou você
preservava isso
pra ela não saber da dificuldade que é?
Tá fora não como a minha, a minha.
O meu relacionamento com minha mãe
era muito próximo.
A gente falava de tudo,
só que
eu não escondia nada dela.
Então quando a gente passava
por perrengue,
eu falava para ela
que a gente tava passar por.
Perrengue.
Mas eu tentava já dar uma solução.
Ata. Entendeu?
Igual, por exemplo
Ah, não, Realmente tá muito difícil
a gente morar numa cidade que é turística.
É tudo tão. É difícil arrumar emprego.
Mas a gente tá fazendo uns bicos
aqui e ali de.
Limpeza, blá blá blá.
Tem uns amigos que ajuda, etc e tal.
Meio que mentia ou não chegava, não, não.
Chegava mentir, mas eu tentava amenizar
para ela não ficar tão preocupada,
entendeu?
Porque a minha. Mãe sempre falou.
Eu conversava com a minha mãe sempre
e ela
sempre
falou pra mim Eu sinto muita saudade sua,
mas eu sei que você está vivendo
uma vida melhor.
Aí não volta pra cá, fica aí.
Então assim,
ela falava que sentia muita falta minha.
Ela queria que eu visitasse mais.
Só que assim Brasil, Austrália não é.
Igual meu Rio, São Paulo.
Quem dera, né?
E aí.
Ó, Brasília, São Paulo.
Então, assim,
ela queria que eu vir, visitasse mais.
Mas claro que não. Dava.
Mais. Ela nunca falou para eu voltar.
Nunca, nunca. Até quando?
Quando a gente estava se despedindo,
já no.
Nono ou.
Perto de quando eu voltei para Austrália,
a gente conversou muito
sobre o que a gente faria
se alguma coisa acontecesse, né?
Então porque eu estaria longe e tudo mais?
E a gente que é migrante a gente sabe.
E quando você decide mudar para outro
país, você tá enunciando.
Várias coisas. Várias coisas.
Você tá renunciando a vida que você teria
se você continuasse no Brasil, né?
Então, assim
que a gente falou no início, a vida.
Continua.
A gente sai do cenário, mas a vida.
Lá não para
e a nossa vida também não para, né?
Então a vida continua. Para todo mundo.
A gente não tá naquele ambiente mais,
mas a.
Vida continua lá, entendeu?
Então tudo vai acontecer. Aniversário
vai acontecer.
O casamento.
Vai acontecer,
o falecimento vai acontecer. A.
Gente vai separar,
a gente vai começar a namorar. A.
Criança vai crescer, entendeu?
Você saiu do Brasil,
era criança, a minha sobrinha.
Quando eu sair do Brasil, a minha sobrinha
tinha oito anos.
Hoje ela tem 18, 19, entendeu?
Então, quando eu saí do Brasil,
a minha sobrinha era uma criança, Hoje
é uma mulher adulta, entendeu?
Então, assim a vida continua.
A gente tem que saber que a. Vida continua
e você vai.
Renunciar. Você está renunciando a pai.
Momento, momentos importantes
e você.
Você. Quando você saiu de você,
saiu do prisma.
Passou quatro anos em Melbourne.
Nesse período você chegou
a ir para o Brasil alguma vez ou.
Foi uma vez? Uma vez?
E foi em 2017?
Eu mudei para Austrália em 2014,
então, três anos depois,
eu fui para o Brasil em 2017,
quando eu vi minha mãe pela última vez
pessoalmente,
e aí o plano era voltar em 2019.
Eu não queria ficar tanto tempo longe,
então eu planejei de voltar em 2019,
mais em 2019.
Foi quando a gente viu que o governo mudou
as regras
e a nossa agente sugeriu que a gente
mudasse de meu país para Adelaide.
Então teve aquela mudança de cidade
em 2019.
A gente falou não para no Brasil, né?
Vamos para o Brasil ano que vem, em 2020.
Vai ver para saber.
Quando você foi lá para
o Brasil, viu a sua mãe?
Não, Assim como ela estava
emocionalmente, porque, enfim,
ela estava em outra cidade. Sim.
E a vida continuou para ela.
Mas emocionalmente, como ela estava?
Como que foi também ver
o estado da sua mãe lá?
Assim tipo, não está tão bem,
ela está bem, ela está confortável, não é?
Meu Deus, Ela não está bem.
Eu preciso estar aqui sempre.
Ela estava bem entre aspas. Ok,
de novo.
Por causa da nossa proximidade,
da nossa conexão,
eu consegui ver
que ela estava muito carente.
Ela estava com uma
uma carência muito grande.
Tanto
é que eu fiquei duas semanas com ela.
Lá e.
Ela queria que eu tivesse ficado mais.
Mas o plano também era assim,
porque é igual, falei
É para ir para o Brasil, não é.
Igual e é ali, né?
Então eu eu tinha que.
Encaixar duas semanas.
Foi o máximo que eu consegui
para ficar com ela
só com ela, exclusivamente com ela.
Dar atenção só. Para ela.
E as outras duas ou três semanas
lá no Brasil.
Aí sim eu dividir com todo mundo
e dividir com o resto de família.
Dividir com os amigos para dentro
para trazer e coisas e tudo mais.
Então duas semanas só com ela
e mesmo assim
eu vi que não foi suficiente, né?
Mas não tinha como.
É que era aquilo que a gente fala,
a minha vida continua.
Lá e aqui.
Então ela estava de férias lá
e eu estava com prazo contado para poder.
Voltar para cá.
Voltar a trabalhar, voltar para a escola
onde eu estava estudando na.
Época.
Então não tinha. Como ficar mais.
Ficou mais preocupado com tipo assim
Meu Deus, será que eu fiz a coisa certa do
o jeito que minha mãe está.
Sempre tá sempre tensa,
tem essa preocupação na troca.
Eu lembro direitinho
quando eu saí de lá da casa da minha mãe
para me despedir dela.
Entrei no táxi, fui para a rodoviária
pegar o ônibus para voltar para Brasília.
Eu tive aquela
sensação,
aquela sensação de te literalmente
tive aquela sensação
será que foi a última vez? Foi.
E eu tive aquela sensação.
Então assim,
eu fiquei com aquela preocupação.
Meu meu bateu.
Bateu, sem mais.
Não tem o que fazer.
São escolhas que a gente faz
e a gente tem que seguir em frente,
entende? E.
Nossa, é muito engraçado,
porque eu eu perdi a minha mãe no convite.
Eu não cheguei a ter essa sensação.
Eu voltei para o Brasil
quando eu fui para o Brasil de viagem
a férias, ela já tinha falecido.
Então.
Eu não tive essa sensação.
Será que a última vez é muito louca?
E aí sim, você falou que veio
para Adelaide por questão de visto e
porque em Adelaide, naquela época.
Adelaide é tipo, sei lá, Tocantins assim.
Marcar pessoal de.
Desculpa
pelo lugar que é pouco comentado,
tipo Macapá, essas coisas assim.
Sabe o que?
Eu não conheço
ninguém de Macapá ou Tocantins.
Não que não tenho ninguém.
Então eu tenho amigos. Parentes.
Mas eu não conheço ninguém de lá.
Mas você conhece alguém de Macapá?
Eu não conheço ninguém em Macapá, mas é.
Adelaide.
Nessa época era tipo. A.
Onde? Adelaide, que é Adelaide Tipo um.
Eu acho que.
Você não vai entender referência,
mas para minha família,
Quando eu falei
que estava mudando de cidade
e quando eu mudei para meu pai,
na explicação que eu dei
eles para falar assim
Mas como é que é essa cidade que você está
e eu falava Olha,
guardando as devidas proporções,
que é clara, a cidade grande na Austrália
não é uma cidade grande No Brasil
a gente tem guardar as proporções,
mas eu falava assim
olha meu pai como se eu fosse
São Paulo, aqui na Austrália.
E aí quando eu vim para Adelaide,
até minha mãe perguntou Falou assim mas
como é que essa cidade era a cidade maior?
Você estava porque?
Por que você estava tão para lá?
Por que é que era uma questão de vista
demais?
E eu falei para a minha mãe
Foi a mãe é igual Uberlândia,
a senhora também é igual Uberlândia.
Entende?
Nossa, ai veio para
Adelaide, chegou aqui em 2019.
Por sinal tem três meses.
Que nós em 2019 veio de mala e cuia.
Já tinha uma amiga que acho que a gente
conheceu muita coisa pela casa.
Foi pela, pela tagarela, pela tagarela.
Veio pra cá.
Você já já tinha acabado o estudo,
Já tinha conseguido emprego na área?
Como é que já é?
Essa é a vantagem.
De trabalhar na Austrália, de ser chefe
pelo menos antes do convite.
Pode ser que eu estou falando
bobagem agora,
mas naquela época eu não ficava sem.
Sempre.
Então, assim, depois que eu me tornei
chefe, lembra A dificuldade
de conseguir emprego na Austrália
depois que eu me tornei chefe,
o máximo que eu fiquei desempregado
foi uma semana.
Não entendeu?
Acho que duas semanas. Uma vez.
Porque a dona.
Do café que eu ia trabalhar
pediu para eu esperar.
Mais uma semana.
Eu nunca tive problema de achar emprego
depois que eu veja.
E aí quando eu vim para.
Adelaide também, eu lembro que.
Eu vim para cá, fiquei dois dias aqui
procurando apartamento
e aproveitei fazer umas entrevistas
aqui. Ali
eu já.
Um mês depois eu já.
A gente já mudou de Melba para Adelaide.
Já com apartamento aqui alugado
e eu já tinha duas propostas de emprego.
Então eu já cheguei.
Em Adelaide trabalhando.
Eu não tive mais dificuldade de emprego.
E aí veio a pandemia.
Bom, ela assim como eu, desculpa gente,
eu fui a primeira cliente do João
quando ele abriu a loja.
E eu até hoje tive.
Aí João, por favor, faça de novo.
Mas mas.
Enfim, se vocês vieram para cá
quando eu acho que aqui, aqui
eu falo isso para todo mundo.
Gente, a gente não soube.
O que foi realmente a pandemia, é claro.
Você sofreu hospitality e tudo mais,
sofreu bastante, mas eu
acho que a área que mais sofreu aqui,
mas a gente não teve a visão assim
global no mundo todo,
foi bem pior do que aqui.
A gente tem essa vantagem.
E aquele que eu falo, não sei se vocês
concordam, mas eu falo que a Austrália.
É uma bolha e Adelaide é uma bolha.
Tem a bolha,
né? Então, assim,
a gente teve a vantagem
de estar protegido nessa bolha.
Para mim e para.
O meu especificamente, foi ruim.
Foi ruim
porque a gente trabalhava no Hospitality,
Então a gente perdeu o nosso emprego,
não tinha como trabalhar de casa
sem ter como.
Eu vou trabalhar de casa sendo chefe.
Naquela época não tinha opção,
porque ninguém estava comprando também.
O pessoal comprava saco de arroz
e dava banho no saco de arroz
quando chegava em casa e pergunta
como é que era.
Era difícil
até de tentar vender alguma coisa,
então teve essa dificuldade, Mas
aquele que eu falo poderia ter sido pior.
Mas aí foi.
Foi reduzida duas horas e é.
E quem reduziu essas horas?
Você já perdeu o emprego direto?
Eu perdi o emprego direto.
Não que eu tenha perdido o emprego,
o café teve que.
Fechar e nessa época o Brasil já estava
com o convite bombando só no americano.
Você falava com a sua mãe todo dia
para saber como que ela estava,
porque enfim, era uma cidade pequena.
Então foi mais ou menos aí
quando você perguntou que eu sempre
se a rocha.
Foi aí que a rocha começou a desmoronar,
porque aí foi quando tudo começou
a ir por água abaixo, né?
Então foi a mudança de meu plano para cá
e a gente botou meu plano para cá.
A gente estava pronto para aplicar lá,
residência permanente lá,
mas o governo mudou as regras, então eu
poderia aplicar, mas eu não ia conseguir.
O convite.
Para conseguir residência. Permanente.
E aí então.
O plano B foi o visto regional,
que eu precisaria morar
numa área regional.
E Adelaide é uma área. Jhonata
Por isso a gente mudou.
De Belo Monte para cá.
E eu precisaria morar e trabalhar
como chefe aqui.
Só seis meses para para pedir.
Eu fiz para aplicar para o visto
regional, né?
Só que nesses seis meses
foi quando o convite aconteceu
todos.
E então assim começou. O.
Nessa parte de visto que era para ser
seis meses virou dois anos né?
Porque mudar? Mudaram tudo de novo.
Vida na Austrália
essa eles estão sempre mudando
o pessoal de vista,
regulamentação de vida, enfim.
Mas mais da parte pessoal
é que aconteceu
e uma vez ficamos sem emprego.
A gente não trabalhava.
Chegou o momento
que a imobiliária parou de pagar aluguel
porque não tinha dinheiro.
A imobiliária queria despejar a gente,
mas naquela época estabeleceu uma regra
que, por causa do convite, não era
para despejar ninguém, era proibido
e foi isso que salvou a gente,
que não queria ser.
Despejado do apartamento.
Eu comecei a fazer bolo simples
aqui e ali.
Foi, Vocês compraram muito. Bem.
Muito obrigado. Nunca vou esquecer. Isso.
Deram super suporte.
Teve alguns amigos
que fizeram uma vaquinha.
Naquela época.
Para conseguir um voucher de supermercado
para ajudar a gente a comprar.
Comida.
Eu não sabia bem
do nada.
Um dia eu abri uma.
Amiga minha de sede me mandou.
Mas ela aqui.
Mandou a mensagem para mim
para eu abrir meu e-mail e quando eu abri
beberam baixa do supermercado.
E aí ela e.
Outros amigos.
De repente meu banco de cidades.
Eles tinham feito uma. Vaquinha e aí.
Eles compraram voucher no supermercado
para ajudar a gente a não gastar dinheiro,
porque a gente só tinha dinheiro para a.
Comida, não tinha dinheiro.
Para mais nada e não estava tendo.
Tinha bens, não estava trabalhando e aí
então teve isso.
Então teve ajuda dessa forma.
E é aquilo que eu falo. Quando você.
Menos.
Espera, a vida apresenta muita coisa,
mas é importantíssimo
você ter amigos de verdade na sua vida,
porque é com eles que você vai contar.
É aquilo que eu sempre falo não dá mais
para gente que mora fora do Brasil
e nossa família ficou lá.
Quem não tem família igual a gente aqui,
os nossos amigos viram família, Vieram
então, para mim, vocês, os nossos amigos,
vocês são.
Minha família, entendeu? E aí?
E aí então teve essa questão.
Então assim perdemos o emprego,
a cor verde e tudo mais, bla bla bla.
Quando começo, quando a gente teve a sorte
que longe da Rosa,
que não foi tão pesado com a outra,
com o bêbado, por exemplo, lá foi inferno.
Acho que foram oito meses.
Foi horrível. E aí
então o café voltou.
Eu trabalhava, voltou a abrir.
Parcialmente.
E eu acho que foi o único chefe
que voltou a trabalhar.
No café.
E outros chefe. A própria dona do café.
Mas o meu vício continuou a trabalhar,
então só eu tinha renda,
alguma renda financeira,
algum dinheiro entrava dentro de casa,
entendeu?
Só que a parte mais pesada
é que foi justamente na época.
Que estava.
Acontecendo, lá para abril. Maio.
Daquele ano, 2020.
Foi quando eu fiquei sabendo.
Que a minha mãe foi
parar no hospital no Brasil
e aí quando meu irmão.
Me ligou, mandou mensagem, não lembro.
Acho que ele me ligou,
a gente foi conversar, ele foi me falar
que ele teve que sair de Brasília
e ir lá pro interior de Goiás.
E minha mãe tinha ido para.
O hospital e não estava bem.
Fez alguns exames.
E aí os exames
confirmaram que ela estava com demência.
E aí foi quando saiu o diagnóstico.
No meio da pandemia, não só tudo o que.
Estava acontecendo ainda teve mais e mais.
Isso saiu o.
Resultado
de que a minha mãe estava com demência.
No Brasil.
E aí eu.
Lembro que foi quando, depois que eu
acho que ela já tinha saído do hospital,
tinha voltado pra casa.
Meu irmão estava lá com ela ainda.
A gente fez uma.
Uma vídeo chamada a minha mãe.
Estava irreconhecível, extremamente magra.
E aí meu irmão veio me falar que ela tava.
Numa situação, que ela estava sozinha
em casa e a demência já estava certa,
estava se agravando.
Então ela não lembrava de comer. Mais.
Ela não lembrava de tomar os remédios.
Dela mais.
E aquilo foi se agravando, então assim
a minha mãe estava irreconhecível.
Quando ela apareceu no vídeo.
Nossa,
eu levei um susto e foi muito rápido né?
E aí?
Só que o pior pra mim
foi que a minha mãe não me reconheceu.
E aí naquele momento
meu chão acabou.
O chão para os meus pés abriu as.
Vou fazer o quê?
E aí foi quando.
Eu não pensei preciso voltar agora.
Agora eu quero saber de dia por inteira.
Nada, por favor,
né, que eu vou de avião nadando.
Você não pensou?
Vou estar dando pro Brasil? Foda se.
Sim, Mas como
não tinha.
Trabalho, não tinha dinheiro.
Fronteira fechada com a vida acontecendo,
era impossível, não tinha como.
Entendeu?
Então eu lembro que quando aquela ligação.
Acabou, eu,
a única coisa que eu. Consegui fazer.
Foi chorar.
Eu chorei sem parar, entendeu?
Eu lembro direitinho. Nada era.
Nem meu vídeo da semana.
A noite e a.
Gente estava lá com meu ex ainda.
Eu deitei no colo. Dele, comecei.
A chorar igual criança, entendeu?
Porque naquele momento
a minha história de vida,
mim, da minha mãe.
Com toda aquela conexão
que eu já expliquei aqui para você.
Tinha desaparecido,
não existia mais. Na cabeça dela.
Ela não me reconheceu,
ela não sabia quem eu era.
Por causa da demência.
Então assim.
Eu falo que ali.
Eu comecei a viver
um. Luto de uma mãe viva.
Você se sentiu culpado porque
talvez ela não me reconheceu,
porque eu estou muito tempo longe dela.
Um pouco sem eu.
Passou.
Passou pela minha cabeça,
passou pela minha cabeça que.
Poderia.
Ser um pouco culpa. Minha.
De ter ficado tanto tempo longe.
E aí então.
Meio que na cabeça dela, a imagem afastou
e por isso ela não mente.
E aí, com o agravamento da demência,
ela não me reconhece.
Teve.
E aí não durou muito.
Vou te falar. Porque?
Porque no início que eu estava falando
de quando eu mudei para Austrália.
Ninguém sabia disso.
Eu tive uma conversa com a minha.
Mãe e a.
Só nós dois. Sabíamos.
Não sabia se sabíamos dessa conversa,
mas quando eu fui visitá la,
eu já estava morando em Goiás.
E aí eu fui visitar
ela antes de mudar para Austrália.
E aí eu lembro.
Que a gente teve uma conversa
e minha mãe falou Se alguma coisa.
Acontecer, não se preocupe.
Não precisa pegar um avião.
E vim correndo pra cá.
Se alguma coisa acontecer comigo,
você já fez muito por mim. Vida.
Se algo acontecer,
é só um corpo no caixão.
Não precisa se preocupar.
E a gente teve essa conversa
só nós dois até então.
E ela falou É isso que eu falo para você.
Minha mãe era muito cabeça aberta,
ela era muito inteligente,
ela tinha uma sabedoria
gigantesca, era incrível, entendeu?
Poucas tudo, mas muita sabedoria.
Então ela falou para mim. Ela sabia.
E quando eu vim para a Austrália,
eu tinha me passado.
Eu tinha 30, 31 ela.
Então ela sabia. Que.
Eu já tinha feito muito, que eu já tinha
renunciado muito a minha própria vida
para tomar conta dela.
Então, quando eu vim para a Austrália,
ela me deu o apoio.
Claro que foi um baque para ela.
O que é você imaginar?
O que é que foi que aconteceu com ela?
Foi um baque muito grande como. Mãe.
Mas ela teve a sabedoria de falar
para. Mim.
Ela sabia que Austrália era muito longe.
Ela sabia que era muito difícil
sair daqui para ir pro Brasil.
Ela sabia que era. Muito caro, entendeu?
Ela sabia. De tudo.
Então, assim, quando eu. Saí, quando eu.
Mudei definitivamente para cá,
ela falou para mim
Não se preocupe,
sabe quando uma coisa acontecer?
Então.
Nesse ponto
eu me agarrei nessa frase dela,
nesse momento em que ela não me reconheceu
na nave de chamada.
No. Telefone e também quando ela faleceu.
Dois anos.
Você,
depois que ela não te reconheceu,
foi que você decidiu fazer o feito.
Então foi aí que.
Eu já estava
com a ideia de fazer os bolos.
Na verdade, a ideia do bolo surgiu.
E fala que você foi a primeira cliente em.
Adelaide, mas.
A primeira cliente em A Infância,
a vista, a história ficou ali.
A história dos bolos começou
e a culpa é dela.
Do nada.
Um dia ela.
Virou para lá e meu
lado,
onde ela virou para mim e falou assim.
Você só precisava fazer o bolo
começar, não é não?
Ela vai sim. E virou.
Isso foi abril.
Aniversário dela e agora em setembro.
E aí eu juro para você, eu acho que de.
Abril a setembro,
provavelmente eu fiz uns três ou quatro.
Bolos ensaiando.
Para realmente fazer um bolo bonitinho
pro aniversário.
Dela.
Esse dia estava fazendo especialização
em confeitaria lá em meu bolo ou não, ou.
Eu. Não fiz curso de chef normal,
mas eu sempre gostei de.
Sobremesas e é aí.
Então foi como é que começou assim?
Aí eu comecei a fazer bolos. Lá e Melba.
Desse jeito também,
porque aí eu fiz o aniversário dela,
tinha gente na área dela,
o bolo ficou bom, o bolo ficou gostoso.
Aí alguém falava vocês não podem, não vai.
Sarah fala com João, entendeu?
O boca a boca. Assim foi acontecendo.
Então quando eu mudei para cá
é que surgiu a ideia
de talvez começar a fazer mais bolos
para fazer uma renda extra.
E claro, tinha que organizar, né?
Então tive que abrir tipo CNPJ daqui,
pedir licença
para da prefeitura local aqui foi
foi lá em casa um ver a cozinha
para saber se eu poderia fazer bolo.
Você sabe essa questão de segurança.
De. Segurança alimentar?
E aí deu tudo certo
e tudo Comecei realmente.
Aí eu precisava de um nome.
Eu falei Eu não consegui achar o nome.
E ainda mais.
Assim, porque a maioria dos meus clientes
eram brasileiros.
Aqui em. Adelaide.
Mas é claro que eu não queria ficar
restrita a brasileira, então eu tinha que.
Achar alguma.
Coisa que soasse bem em inglês também.
Né? Então, assim,
João desse povo
mal consegue falar meu nome aqui
é. Difícil e já, já.
E tal, então assim
ele já não consegue falar meu nome.
Então assim
eu tive dificuldade até arrumar o nome.
Então quando a.
Minha mãe adoeceu
que veio o diagnóstico de demência,
eu lembrei daquela história
de que foi ela que me ensinou a fazer.
Bolo.
Mas logo depois da separação, de.
Quando ela veio morar comigo, entendeu?
E aí eu falei eu falei assim eu só.
Consigo fazer esses bolos hoje,
ser um chefe hoje, cozinhar.
Hoje, graças a ela.
Aí eu falei
Obrigado, mãe.
E aí o nome vem daí.
E daí.
É em agradecimento a.
Ela. Aí
passou o convite
a você.
Não se reconhecia mais como confeiteiro,
como chefe de cozinha.
Ainda assim,
eu sempre gostei de ser chefe.
A questão de trabalhar em hospitais
é muito pesado, né?
Trabalhar. Trabalhar não.
Onde adiantava tentar
traduzir para português,
trabalhar na indústria de entretenimento
é pesada.
A indústria de entretenimento
pode ser um pouco, né?
Tem várias opções, mas aqui no caso é só
de fazer bolo, fazer comida e é outra.
É essa a outra,
a outra é outra.
É tão rentável que você quer sair.
Onde aí faz.
Então assim, trabalhar em hospitais.
É muito. Pesado, né?
Trabalhar em restaurante você.
Trabalha quando você está literalmente.
Você trabalha
quando os outros estão se divertindo.
Então seu chefe, você é garçom,
você é cuida de limpeza e clínica.
Então assim você está trabalhando.
Quando os outros estão se divertindo,
então os seus horários são diferentes.
É tudo diferente,
é tudo ao. Contrário do contrário, né?
Então assim é muito complicado.
Então não é que eu não gostava mais de ser
chefe?
Eu até continuaria trabalhando como chefe,
mas eu não.
Aguentava mais trabalhar em hospital.
E aí surgiu que
indiquei, indiquei meu.
Amigo.
Pra trabalhar comigo.
Passou a ser.
Passou, foi aprovado.
Começou trabalhando lá
e aí decidiu mudar de área.
Foi aí.
Foi quando a questão do visto,
que eu lembro que eu falei aqui
seis meses, virou dois anos
pra aplicar o visto.
Aqui.
E aí sim completou
Passou finalmente esses bendito dois anos.
E aí apliquei o visto regional.
Aqui.
E o visto não tinha sido aprovado. Ainda.
Estava naquele período de. Espera, né?
E aí eu conversei com a minha gente,
falei eu precisa continuar
trabalhando como chefe. Ela fala Não, não.
Precisa é muito obrigada.
Era só descansar.
Só que assim, aqui na Austrália
eu só aprendi a.
Ser chefe e eu.
Não podia trabalhar como advogada aqui.
Por que eu não fiz direito Aqui? Sim,
eu sou formada.
Aqui.
E aí eu.
Falei fiquei na casa sim,
vou fazer o quê, né?
Quando me surge essa pessoa
na minha frente.
E falou Olha, estou trabalhando
nessa empresa de energia, eles estão.
Contratando.
Luiza Não sei. Nada de energia elétrica
não. Eles ensinam do.
Zero. Não precisa da experiência.
Você só vai lidar com clientes.
E isso também serve de boa.
E eu sendo, sendo.
E isso, chefe. Naquele momento.
Pensei lidar com.
Cliente de boa senhora.
Deixa ver se ele dá perfeitamente
para a vaga.
Deu certo, Foi contratada,
Entrei na empresa, estou lá. Até hoje.
Está lá até hoje.
Agora está em outro setor, Não está mais
trabalhando comigo, infelizmente.
Mas que bom, Está bem
agora também virou líder total, cresceu.
E ainda. É aí. Que está.
Tá indo, tá indo.
Aí, depois de dois anos da sua mãe,
do diagnóstico dessa minha demência,
veio como que foi que você recebeu
a notícia
que, enfim, eu acho que
eu lembro o dia que eu recebi
a notícia que minha mãe faleceu
foi dia 13 de junho.
Aqui era
feriado de aniversário da Rainha. Lá
e aí eu tinha acabado
de sair da casa do Thiago,
o Danilo, que é um amigo em comum. Nós.
A gente estava conversando que minha mãe
estava internada por conta do convite
e aí eu lembro que a minha irmã
mandou uma mensagem assim
o hospital me mandou, me ligou pedindo pra
eu levar os documentos da minha mãe.
Como é que foi quando o hospital te ligou
para pedir os documentos do meu pai,
porque foi assim, assim, assado.
Nessa hora eu estou até tremendo.
Nessa hora eu sabia, minha mãe preta.
Isso era tipo meia noite de
eu gritava o Cleber.
Meu pai morreu e a minha mãe morreu mesmo.
Eu passei,
a irmã não tinha me ligado até então.
Eu só
só tinha recebido essa mensagem e eu já
já sabia.
E eu acho que a.
De maior.
Mas dentre os cinco maiores medos na vida
de qualquer imigrante
como o que foi para você, porque até
então você não está com Temer e tal,
mas a gente ainda sempre tem
aquela pontinha de de esperança.
Sim, né?
Como que foi essa notícia?
Como que você recebeu assim?
Quem foi detido foi seu irmão?
Provavelmente, né?
Mas como é que foi essa notícia para você?
Luíza, recebi uma mensagem no WhatsApp.
Uma mensagem no.
WhatsApp.
Eu, eu e E
já também está aqui na academia.
Fiquei nervosa. Também.
Então.
A doença foi progredindo.
Teve um momento e assim.
E lembra que eu falei
que ela tomava muito antidepressivo,
muito depressiva a vida inteira?
Então, acho que. Isso provavelmente.
Não sei.
Eu sou leigo nisso, sou médico, mas eu
acho que provavelmente isso agravou muito
ou ajudou muito a doença, a progredir.
Rápido. A progredir rápido. Isso
porque
sim, já escutei
histórias de pessoas que tiveram também
e se foram anos, anos, anos até falar,
o falecimento acontecer.
E chegar.
O nível? Talvez, né? E minha mãe foi.
Foi dois anos.
Ela foi diagnosticada em 2020
e faleceu em 2000.
Então, nesses dois anos
a progressão da doença. Foi.
Ela, piorando sempre mais.
Cada vez que eu entrava em contato
com meu irmão no Brasil
ou com a minha prima também.
A minha prima ajudou, ajudou muito.
Eu não ligava para a.
Tipo, vou ligar pra quer ir lá?
Um amigo não sabe quem eu sou e o quê.
Então e também a questão
assim minha mãe já era bastante.
Quando eu nasci. Minha mãe tinha 39, né?
Então minha mãe, ela.
Faleceu com quase 80 anos,
já tinha completado 80 no mercado,
então
ela já tinha dificuldade de mexer com.
Telefone celular.
Sem a demência. Entende?
Então, depois tinha mais. Como.
Eu falava com ela.
Quando eu entrava em contato.
Com meu irmão ou com essa prima?
E aí Adriana tinha briga.
E aí o que aconteceu?
A doença foi progredindo muito rápido. Né?
E cada vez que eu entrava em contato com.
Eles e que era uma vídeo chamada.
Eu sempre via que a minha mãe estava pior
do que a ligação anterior.
Então assim chegou o momento
que Clara não morava sozinha
mais ela foi morar com meu irmão
lá em Brasília.
Teve um momento.
Eles voltaram para Goiás e
e aí realmente a situação
estava insustentável.
Dentro de casa meu irmão teve que colocar
ela numa casa de repouso,
no asilo, alguma coisa assim.
Ai tive uma ligação com a.
Minha mãe.
Por vídeo, chamada também
a enfermeira do asilo.
Proporcionou
que isso acontecesse então assim.
Só que eu lembro
direitinho que nessa conversa.
A minha mãe
eu sabia o que ela queria falar,
mas ela falava tudo trocado, sabe?
Não tinha. Mais. Uma.
Uma outra hora começo, meio e fim.
As palavras não.
Saíam mais na mesma. Ordem.
E as vezes nem com o mesmo significado.
Ela trocava uma palavra por outra.
Eu sabia o que.
É que ela estava tentando dizer, mas sabe.
Então assim já não estava. Mais, né?
Então não era só a questão de ela
não me reconhecer mais, tinha momentos.
Que assim
parecia que ela estava começando.
É um cara diferente,
mas é um cara legal aqui no telefone
eu via que ela não sabia que era eu,
entendeu?
Mas ela estava conversando,
só que também e fala trocado e tudo mais.
E aí é igual, eu. Falei,
a doença foi progredindo,
ela foi piorando até chegar num ponto
que teve.
Uma vez que o meu. Irmão me ligou
e aí o vídeo chamada também acho que ela.
Tinha tido uma. Piora.
Eu acho que ela teve um derrame.
Se eu não me engano.
E aí quando o meu.
Irmão fez a vídeo. Chamada.
Minha mãe
estava em estado vegetativo em cima da.
Cama.
Entendeu? Dava para ver.
Eu vi ela pelo vídeo do celular,
ela estava em estado vegetativo
em cima da cama e o jeito que eu via.
Ela ali.
Não tinha mais cabo, músculo, carne,
a pele e osso.
Entendeu?
Escurecendo.
Já chega numa situação que assim.
Naquele estável.
Naquele não comia mais,
Estava com a sonda direto no estômago.
E eu lembro que eu
até falei com o meu irmão. Eu falei assim.
Ó, eu espero.
Que a doença tenha avançado.
De uma maneira que ela não.
Tenha consciência do que está acontecendo,
porque se ela tiver consciência
do que tá acontecendo, é muito triste
você, por ser humano, passar por aqui.
Ela tá naquele estado vegetativo,
mas você está consciente.
O que é que está acontecendo com você?
Então o meu desejo era que
que ela ela, ela,
a doença tivesse avançado ao ponto
de que ela não tinha mais consciência
do que estava acontecendo.
Entendeu? E aí,
daquele ponto em diante, isso foi o que?
Acho que umas duas semanas, entendeu?
Antes dela falecer.
Então, daquele.
Ponto em diante, Luíza, eu.
Sabia que a notícia chegar com a CPI,
entendeu?
E aí eu já que.
Continue vivendo a minha vida aqui.
Mas eu sabia que estava vindo.
E você recebeu a notícia pelo WhatsApp a
você.
Você tinha acabado o seu relacionamento
assim
que recomeço.
Assim recomeçou Brisbane para o recomeçou
e Melba depois recomeçou em Adelaide,
depois recomeçou após convite,
depois e começou.
Pós convite,
fazendo bolo, recomeçou mudando de emprego
e recomeçou sendo solteiro.
E começou herdando a mãe.
Como que foi?
Receber a notícia?
E tinha quanto tempo você tinha terminado
o seu relacionamento?
O relacionamento acabou em março.
Minha mãe faleceu em julho.
Como que como que.
Só porque foi um relacionamento de dez
anos, né?
Foi uma pancada.
Dois,
três meses depois, uma outra pancada.
Como que foi.
Aquilo que eu falei para você de 2020 para
em diante foi só ladeira abaixo.
Porque aí não só vivendo
nessa situação de pós, convide
o relacionamento já não estava legal.
Né? Não tava indo. Bem.
Então
eu sabia
que em algum momento ia acabar, né?
Tinha aquele pressentimento
porque chegou no momento
em que não adiantava mais a gente tentar
mais alguma coisa.
Sabia que essa metáfora estava para
acabar.
E aí a.
Minha mãe
tá aquela com demência, só piorando.
Então, assim, eu estava lidando
com tudo isso que você tá falando.
Eu estava lidando, eu estava com.
Eu estava vivendo
dois lutos ao mesmo tempo.
Eu estava vivendo o luto da minha mãe,
que estava viva, mas não me conhecia mais
que aquilo que eu falei.
Toda aquela experiência de vida,
uma história de vida.
Eu sabia que não existia mais
a apesar da memória de uma vida inteira
com o filho foi apagada. Sim.
Eu estava vivendo o luto de uma de uma mãe
que estava viva e estava vivendo o luto
de um relacionamento
que estava para acabar, né?
E aí o.
Relacionamento acabou poucos meses
antes da minha mãe falecer.
Então o relacionamento acabou em março.
Minha mãe faleceu em julho.
Então foi muito pesado, foi muito pesado.
Nessa hora.
Terapia.
Muita terapia. Terapia muita.
Quando o meu relacionamento acabou,
foi quando eu voltei para terapia.
Aí eu já tinha feito terapia uma vez
no Brasil, quando eu saí do armário
antes de mudar para a Austrália.
E aí foi quando o relacionamento acabou
e eu voltei para terapia, porque assim.
Não sei se é isso.
Acho que eu já te contei isso
Algum momento eu estava.
Numa situação. Que.
Eu entendo perfeitamente que ser humano
tem várias emoções, vários sentimentos
e está sempre. Aprendendo a pintar o.
Só que naquela época eu estava
num estado constante de tristeza.
Que eu nunca tinha sentido na minha vida.
Era uma tristeza que não ia.
Embora, entendeu? Eu poderia. Estar.
Numa festa entre a gente, num.
Churrasco, rindo por dentro.
Eu estava triste,
poderia fazer uma piada.
Eu ri da piada, mas por dentro
eu estava triste.
Então era uma depressão.
Estável.
E eu não sei se cheguei a entrar
numa depressão, mas cheguei perto.
Então eu percebi
que era uma tristeza diferente,
que não era simplesmente.
Sabe quando você está triste?
Estou triste hoje
era uma tristeza diferente.
E ela não ia embora.
Nada fazia ela passar.
Ela ficou ali sem parar.
E aí foi quando eu comecei.
Meio que.
De uma certa forma entrar em desespero,
porque tudo o que eu fazia não fazia ela,
embora essa tristeza ficava. Lá.
E aí eu meio que comecei
a entrar em desespero
e aí foi quando eu entendi
que eu precisava de ajuda.
E aí quando eu entendi
que eu precisava de ajuda,
foi quando eu entrei em contato
com o meu psicólogo lá no Brasil, ainda
e eu falei para ele Você olha,
faz tempo que a gente não conversa
e tudo mais, mas eu estou precisando.
E como que foi assim?
Viveu o luto.
Você conversou
como é que estava vivendo o luto desde
do diagnóstico, do diagnóstico da sua mãe,
da demência e tal.
E teve dois anos aí de luto.
Mas esse luto foi diferente
depois que vi a notícia
do falecimento.
Como que foi esse?
Porque é
e é um outro tipo de perda.
É uma mãe pai.
Perder alguém da sua família
já é difícil estando presente
tão distante,
você acha que foi talvez melhor,
Pior ou foi?
Como que foi?
É igual, eu falei.
Eu já estava de. Luto por ela.
Mesmo estando viva, e eu sabia que
esse momento estava chegando.
A noite
em que eu recebia mensagens no WhatsApp
falando que ela tinha falecido.
Aconteceu.
Eu vou te falar, eu acho que alguma coisa.
Deu um click na minha cabeça que.
Eu entendi que ela havia falecido.
E que toda aquela luta.
Aquele desespero, aquela,
aquele sofrimento da doença tinha acabado.
Luíza
Foi uma das melhores noites de sono
que eu tive na minha vida.
Eu não sei se as pessoas vão entender
o que eu estou falando aqui.
Talvez algumas
entenda que já tenha passado por isso,
mas tanto é que o enterro
lá no Brasil
aconteceu às pressas por causa do convite.
E o enterro aconteceu às pressas.
Ela foi enterrada acho que umas 16h00 lá,
que seria mais ou menos quatro da manhã.
A madrugada aqui.
Eu acordei.
Com 16 ligações no meu celular.
Era o meu irmão ligando durante o.
Enterro
eu não atendi porque estava dormindo,
só que assim.
Para mim, foi o alívio de saber
que ela não estava sofrendo
mais, entendeu?
E foi o alívio de que eu não.
O meu sofrimento também tinha acabado.
Aquele sofrimento até esse ponto.
De saber que o meu irmão também.
O sofrimento dele também,
de ficar cuidando dela tinha acabado.
Porque é um peso
você cuidar do mesmo peso.
Não, a. Gente
não pode romantizar isso, né?
E é um peso. É pesado.
Cuidar de uma pessoa com.
Qualquer diagnóstico é parte da.
É difícil.
Então, assim foi.
Foi essa chave de virada.
O luto virou o luto diferente.
Por que virou um luto diferente para mim.
Não sei se com você e com sua mãe faleceu
foi a mesma coisa.
Mas para mim foi aquilo.
Que eu sempre ouvi as pessoas falarem.
E eu acho que até acontecer com você,
ninguém vai entender.
Não aquele vazio que a gente sente
quando a nossa.
Mãe falece
e ela literalmente.
Eu acho que todo mundo já escutou isso.
É um buraco que a gente sente por dentro.
Só que assim. É literalmente um. Vazio.
Parece que a. Arrancou.
Uma coisa que você
comeu. Meu luto virou.
Esse luto depois da. Morte dela.
Eu tive o alívio de que o sofrimento.
Dela acabou.
Mas a partir.
Daí virou realmente o.
Luto,
porque minha mãe faleceu.
Entendeu isso e chegou a pensar em
depois que ela faleceu,
eu sei lá,
voltar para o Brasil só para não,
não e nem durante esse período dela
com demência, pensou.
Porque ela mesmo ter dado aval não volta.
Então você em nenhum momento
pensou em te pai, Será que vale a pena
na lei passar na carne?
E enquanto ela estava viva?
Sim, em alguns momentos eu pensei
eu poderia pego, poderia juntar o.
Dinheiro,
pegar um avião e passar, Nem que seja.
Eu sei a questão de jetlag,
essa é uma merda e tudo mais.
Eu poderia passar uma semana no Brasil
mês que ela não vai me reconhecer,
mas eu encontro com ela, vejo ela.
Como ela, dispersa.
E dispersa, mas sempre me vem
na cabeça o que ela me falou,
entendeu?
Então, assim.
Eu ia chegar lá, ela não ia me reconhecer.
E como eu falei antes,
esse cara que está aqui na minha frente,
eu não sabia mais quem eu era,
então ela não estava lá.
E aí também não tinha mais sentido
você também
ter ou não.
Né? Porque aí foi, foi uma coincidência.
Aí eu já tinha.
Entrado na empresa.
E aí.
Eu não precisava mais trabalhar com chefe.
Eu até tentei manter os bônus
como uma renda extra,
mas estava muito complicado.
Não estava dando mais para conciliar tudo.
Aí eu já trabalhava.
Voltei a trabalhar
naquela rotina de segunda a sexta
e parece normal, mas é pesado.
Essa pessoa é muito tempo trabalhar.
Então, para você ainda ter um negócio,
um segundo trabalho,
ainda mais questão de bolo
que você tem que acabou.
Você tem que preparar os ingredientes,
cobertura e recheio.
Você é o quê?
Então assim, eu tinha que fazer bolo.
A prestação, então eu não podia nem pegar
mais de uma mais de um bolo
por semana, porque eu tinha que fazer
o bolo, a prestação no dia.
Eu tinha que passar. O bolo e.
Cozinhar todos os ingredientes
e aí no dia.
Seguinte montar e aí no.
Dia seguinte,
o terceiro dia era o dia da entrega.
Então eu tinha que me programar.
Se você me pedisse um bolo, por exemplo,
era para sexta feira.
Eu tinha que me programar
de como começar a fazer pelo.
Menos na quarta, entendeu?
E a sorte é que a sobremesa é como chef.
Eu sabia.
Era seguro deixar ingrediente na geladeira
e tudo mais, então não tinha problema.
Mas era um trabalho.
E aí, depois de um tempo.
Um emprego novo, aprendendo sobre.
Energia.
Elétrica, sobre gás, sobre internet,
eu não sei o que é, não sei o que é isso
que cantava seus clientes no telefone
o dia inteiro, enchendo o saco, entendeu?
Era um stress diferente,
um stress que a gente sabe como que é.
Então assim, passou um tempo,
eu falei Não,
eu não consigo mais conciliar as duas
coisas.
E aí coincidiu.
Que foi quando também minha mãe faleceu.
E aí para mim ficou.
Muito pesado continuar com.
Com esse nome
em homenagem a ela.
Por causa. Dela.
Sendo que ela havia falecido, falecer.
Então a questão
assim que eu falava para todo mundo,
talvez você deve ouvir Vocês ouviram.
Muito de mim?
É que eu fechei o peso de de bolos.
Porque eu não trabalhava. Mais como chefe.
A decisão foi mais
porque minha mãe faleceu.
Do que o que ela está pagando.
Eu entendi.
Ficou pesado eu levar aquilo,
porque todo bolo que eu fazia me.
Lembrava.
Entendeu? Entendi.
Então ficou que meio Cada.
Bolo era uma dorzinha.
Vamos dizer assim.
Super gente.
Só para dizer que a gente está
em todas as plataformas, tá na.
A gente está nas principais,
como Apple, Spotify e dizem e nas outras
não esquece de seguir a gente no Instagram
que toque no YouTube,
não ativar o sininho, compartilhar, enfim,
tá bom pra
fazer o vídeo subir alguma coisa assim
do tipo ok, mas é isso.
Bomba, bomba.
Vai pegar o IP e o.
Raio tem que fazer o raio.
Mas é,
deixa eu te fazer uma pergunta João,
hoje você.
Ainda sente porque eu não tenho meu pai
nem minha mãe.
Você ainda tem o seu pai, né?
Mas, por exemplo, hoje
às vezes eu pego, tem.
Eu queria tanto poder passar o telefone
Mãe, Pai banana,
você ainda tem esse, esse e esse?
Opa, Não tem mais pra quem ligar?
Quando que?
Quando você lembra eu fiz porque eu vim.
Deve ter algo.
Teve algum momento específico?
Você consegue lembrar
de algum momento específico que você.
Ah, eu queria tanto
que a mamãe tivesse viva pra poder
eu ligar pra ele depois.
Você sabe que
eu sabia que você.
Consegue me fazer chorar.
Você sabe que.
A minha mãe não.
Viu os meus bolos.
Não lembra que eu te falei
que ela tinha dificuldade com celular
porque era já uma senhora idosa
e que eu tô mais.
Então, assim.
Todos os bolos que eu fiz.
Tem que somar,
porque era uma coisa dedicada.
A ela. Ela não viu
ela. Se
eu não sei se alguém
da família lá do Brasil mostrou pra. Ela.
No Instagram alguma coisa assim.
Mas ela não chegou a ver
se nem se ninguém mostrou.
Ela não chegou a ver
porque ela não, não, não.
Não ia conseguir fazer do celular. Dela
celular.
Dela não era um smartphone. Comum.
Entendeu?
Então,
se ninguém mostrou pra ela, ela não.
Chegou a ver.
Na verdade, não sei se ela viu.
Veio algum bolo que eu tenha
feito, entendeu?
Da lojinha que tinha em homenagem.
Então assim, é uma coisa que
depois que ela adoeceu e foi diagnosticada
com demência e tudo mais
e eu parei uma vez pra pensar, eu.
Falei assim
uma coisa que eu dediquei tanto
em homenagem a ela por causa dela,
ela não chegou a ver.
E aí depois a também demência.
Não me reconhecia mais.
Provavelmente não sei.
Não tinha mais consciência,
talvez não tinha mais consciência
das coisas, de muita coisa.
Então, assim.
Às vezes eu pensava nisso, eu.
Falava assim
há algo que eu criei por causa dela.
Ela não chegou a ver.
Então, assim.
Por mim, por muito tempo estou eu.
É claro que saudade.
Às vezes saudade bate
assim, de um jeito aqui.
Nossa, E é. Pesado igual.
Por exemplo,
eu lembro direito em março desse ano.
O aniversário dela era dia
6 de março, então em março desse ano.
Foi bem complicado,
porque foi bem complicado.
Porque eu estava passando
por um outro momento de perda,
um outro relacionamento rápido
que eu tive.
Entrou muito rápido,
mas acabou logo antes.
Então eu vivi aquele findar. Aquele.
Outro luto, de outro.
Relato,
de outro relacionamento, entendeu? E aí.
Coincidiu que veio o aniversário.
Dela.
E aí eu fui, eu fui.
Eu fiz uma.
Eu já tô.
Eu continuo fazendo terapia, mas me. Meio.
Que naquele mês de março que eu fiz.
Uma alteração numa autoterapia.
Escrevendo um texto sobre luto,
falando justamente.
Isso é o luto é uma merda.
Mas o luto é necessário.
E não.
É necessário vivê. Lo.
A gente não pode fugir,
porque fugir dele, evitar ele ou negar.
Ele é pior.
Cada um tem um jeito de vivê.
Lo, cada um tem um jeito de vivê lo.
Mas ele é necessário.
É assim que às vezes,
pelo menos até quando
eu tinha mais ou menos 20 anos, sei lá,
pra mim eu entendi o luto como realmente
quando alguém morre.
E hoje eu entendo que qualquer perda
você vive o luto dela, sim.
Então, assim as. Nem.
Qualquer que seja o fim do relacionamento,
uma pessoa que você. Não.
Amizade, amizade.
Entendeu algo, algo importante,
algo significativo na sua vida.
Quando você perde, você.
Vive aquela perda
e é necessário viver aquela perda.
Eu não pode que não é. Como assim?
Porque quando eu
fiquei sabendo do falecimento da sua mãe,
eu lembro que
como que foi a questão dos amigos, de ter
a família que como que foi esse apoio.
Sou importante.
Eu sobrepor aquilo que eu falei,
Vocês são minha.
Família e
a minha família não está aqui.
Eu não tenho ninguém aqui.
E talvez, talvez o finado doutor
relacionamento anterior de dez
anos, tenha sido tão difícil também
porque ele era mais próximo de família.
Para mim, né?
A gente veio do Brasil juntos para cá,
a gente construir uma vida
juntos no Brasil.
A gente só namorou um ano.
Os outros nove anos foram aqui
na Austrália.
E a gente passou por muita coisa junta.
Aqui.
Então o fim da Relacionamento
foi o luto pra mim.
E a amizade é.
Algo que eu aprendi desde a época
aqui que os meus pais separaram
e minha mãe veio morar. Comigo.
A maioria das pessoas
que estenderam a mão.
Naquela época.
Foram os meus amigos da época,
então eu aprendi desde aquela.
Época.
Que as pessoas que estão ao seu.
Redor.
Elas são as mais importantes da. Sua vida.
Elas às vezes podem ser família de sangue,
às vezes pode não ser,
mas elas são as pessoas
mais importante da sua.
Então, assim, quando a minha mãe faleceu,
por exemplo, o fato de vocês dois
já ter aparecido lá em casa na mesma hora.
Pra mim é.
Super importante. Né?
No dia seguinte também recebi mensagem,
mais amigos vieram me visitar e tudo mais.
Foi ótimo para mim
porque me ajudou a me distrair, entendeu?
E é uma coisa que a gente não tem
no Brasil, que eles têm aqui na Austrália
e outras partes também.
E é aquele momento
depois que a pessoa já foi enterrada.
De reunir todo mundo
que a gente chama de wake.
Então, assim.
Aquele momento.
Importante e foi parar para mim
foi tão interessante. Que.
Eu lembro que até no meu facebook
eu fiz um post
falando que a minha mãe tinha falecido.
E eu pedi para.
As pessoas comentarem histórias.
Que elas. Lembravam da.
Minha mãe, alguma qualquer memória.
Que elas tinham da minha. Mãe.
E eu vi.
Alguns comentários vindo.
E porque para mim foi importante.
Ter aquele momento.
De não só saber da.
Mais, porque eu fiquei dois anos
vivendo aquele luto de uma mãe
que estava viva, era importante para mim
também saber como que as pessoas.
Percebiam ela, né? E guardar.
Aquelas memórias.
Então assim também foi importante para mim
ver aqueles.
Comentários de
sabe de amigos.
Aqui da Austrália, do Brasil.
Mesmo desses a gente tinha acabado de
um relacionamento há poucos meses atrás.
Ele deixou um comentário lá de quando
ele conheceu minha mãe lá em Brasília.
Quando começou a namorar.
Então, assim.
Para mim, foi super importante
ver aqueles comentários
por causa disso, para preservar a memória
dela, para me ajudar a preservar
a memória dela e minha
e a me ajudar a viver o luto. Também.
Agora,
de bate pronto, qual é a maior lembrança?
Se eu falar assim sua mãe,
o que vem na sua mente?
Essa é a maior lembrança do momento.
Você e ela.
Quando a gente morava junto em Brasília,
naquela dificuldade toda, eu cuidava dela.
Mesmo assim, a gente mantinha
o relacionamento mãe, filho.
De As vezes, ao chegar em casa. Ela.
Ter feito a comida que eu gosto
e supersimples.
Arroz, feijão, carne moída.
Ela ter feito isso.
Eu a carne moída. E eu chegar
super cansada.
Ao trabalho.
Simplesmente comer. Ela está. Deitada.
Ela está sentada.
No sofá
acabado de comer, bater o prato do nada,
sem deitar no colo da.
Sala da sala.
Muito.
Muito.
E eu tenho uma foto desse momento.
Uma vez
eu estava deitado no colo dela. Depois
uma das.
Fotos que eu ainda tenho dela.
Ela sentada no sofá com a caneca.
Bebendo café, eu deitado no colo dela
e eu tirei uma selfie com o celular.
É muita saudade.
Saudades de deitar no colo dela.
Ela fazer cafuné.
Muita.
Nela E saber que eu deixei
ela. E.
É desses recomeços
da vida que não foram poucos, tá?
Enfim, do lado do Brasil,
saí do armário,
emprego, saí de
ir para Brasília, Goiânia,
deixar sua mãe e meu pai em Adelaide.
A vista.
Qual recomeço?
E você acha que foi o mais primordial
assim para você, lembra?
Caramba, esse recomeço
aqui foi o recomeço que eu falei assim
decidi dar certo.
Foi depois que ela foi.
Foi mais ou menos
perto de quando ela faleceu.
Que eu percebi
que eu passei a minha vida inteira.
Dando prioridade a outras pessoas.
Eu não. Eu não.
Eu não estava em primeiro lugar.
Eu estava sempre preocupado
com outra pessoa.
Estava preocupado com com ela.
Quando ela morava junto comigo.
Mesmo antes da separação como adolescente,
toda dificuldade que a gente passou na.
Família.
O relacionamento dos meus pais,
como estava, como era difícil
e complicado relacionamento deles,
eu sempre preocupado com ela.
Depois veio a separação,
ela veio morar comigo.
Eu preocupado com ela.
Conheci muita gente, mudou para Austrália,
ele queria embora para o Brasil.
Eu falei que ia ficar. E.
Ele resolveu ficar também.
Eu imagino, não sei.
Então
ele segurou a barra muitas vezes.
Mas eu tinha aquele lá,
aquela compromisso pessoal e.
De tititi ali, firme, entendeu?
Então, várias vezes eu me renunciei
a vida toda por causa de outra pessoa.
Então, para mim,
o recomeço mais difícil foi justamente.
Depois que eu tomei consciência
de que eu cheguei num ponto
que eu sabia sim,
eu preciso estar em primeiro lugar, né?
Você tem uma ideia?
Eu sempre conto essa história
depois do fim do relacionamento.
A gente terminou em março
e ai eu lembro que eu falei assim
eu preciso passar.
Um tempo fora, né?
E aí eu lembro que eu comprei.
Passagem. Robert. Na Tasmânia,
que na época estava no visto
que eu não podia sair da Austrália.
E aí eu falei assim
vou. Viajar dentro da Austrália, então.
Vou para lugares que eu não.
Conheço ainda.
E aí o primeiro lugar foi para Tasmânia.
E aí eu
comprei passagem para ir pra Tasmânia
só um final de semana.
Fui na sexta e voltei no domingo.
Louisa Eu gastei.
Duas horas.
Procurando um hotel.
Isso porque a Tasmânia
é uma vila de Robert.
É uma vila de pescador. Que cresceu,
então não tem para onde fugir.
Não tem. Não é?
Não é sítio, não é meu pai, não é
São Paulo,
não é Rio que você pode escolher
que área que você vai ficar.
Sabe que barco você vai ficar, cara,
que é melhor.
Sabe?
É uma vila de pescador.
Cresceu. Roberto
Eu não tinha muitas opções.
Eu gastei 12h00 para procurar um hotel
e escolhi um hotel que
quando eu cheguei lá eu.
Não gostei de. Para piorar, estava.
Olha, não é pra essa dica de
até porque eu sou péssimo.
Meu marido fala eu escolhi
até porque você não sabe escolher hotel.
Hoje sou muito bom pra escolher até, mas
nessa nessa época não deu, não deu certo.
E aí na terapia eu descobri.
Fazendo terapia com meu psicólogo.
Na época
eu eu entendi.
Que eu passei a vida toda
fazendo as minhas escolhas,
considerando outra pessoa.
Não só eu.
Eu mesmo.
Eu tinha que eu tinha que tá sempre
pensando ah.
Eu queria ficar,
a gente vai para tal lugar, Eu.
Queria ficar nesse lugar aqui,
porque vai ser legal por causa disso,
por causa daquele.
Seu plano que você acha?
Sabe, eu sempre.
Passei a vida. Inteira fazendo escolhas.
Com outra.
Pessoa na minha cabeça também,
pensando nas necessidades
ou vontades ou preferências de outras
pessoas. Né?
Então eu tive essa dificuldade
para escolher só ter roupa.
Quando isso foi em julho,
eu passeava inverno.
Eu gosto de frio,
prefiro frio, calor. Calor
em SP é controverso,
isso é claro.
Lá super frio, neve.
Mais ao sul da Austrália ainda tinha neve
e tudo mais, era o que eu queria.
E aí foi e foi.
Foi super bem,
a viagem foi super legal, enfim.
Então quando eu voltei eu pensei.
Agora eu vou programar.
Uma viagem para ele, vai sair em novembro.
E aí já fui feito
já descobrindo isso na terapia
que aconteceu.
Eu programei.
Quase uma semana
para ir para o nosso de lá
para ver a Barreira. De corais.
E aí eu lembro.
Que eu fiquei quase uma semana lá.
Luiz eu acho que eu demorei
15 minutos para escolher até.
É tipo Ah,
isso aqui tem banheiro, tem cama de bambu.
Rapidinho isso assim, Sabe?
Eu olhando nesses 15 minutos olhando o.
Google Street View do.
Google, vendo como que era a.
Cidade. Lá
pelo pelo Google Street.
View, falei assim essa cidade parece ser.
Chata.
Na minha opinião.
Desculpa
quem gosta de clicar na minha cidade.
Na minha opinião
essa cidade parece fechada.
Aí eu descobri que tinha uma vilazinha.
A meia hora. De canto.
Que se chama Polo Cove.
E que tem vários resorts lá.
Daí eu escolhi um resort lá.
Foi a melhor coisa que eu fiz.
Em 15 minutos resolvi minha vida.
Realmente quando eu cheguei lá.
Tem que sair do aeroporto.
Fui na concessionária na locadora,
peguei o carro que eu tinha alugado,
o provisório.
Amei o lugar, amei o quarto.
Super legal, super. Bonitinho.
Fiquei quase uma semana lá.
Fazia outro tipo de carro
para lá e para cá.
Os dias que eu fiquei.
Lá e foi ótimo.
Você voltou
tipo meu Deus, foi maravilhoso.
Foi ótimo, Foi uma super viagem!
E para finalizar aqui,
deixa eu te fazer uma pergunta
o que é para você decidir fazer?
Não desistir, não desistir?
Eu não pode ser assim
e você tem que escutar.
Acho que isso é muito clichê.
É muito clichê que eu vou falar
aquela vozinha
que você tem dentro de você não basta não.
Se você está com vontade
de fazer alguma coisa,
talvez não aconteça agora,
mas vai acontecer.
Eu posso falar para vocês dois aqui.
Hoje em dia. Eu.
Sou mais o mais bobo que tenha sido
algum sonho que eu tenha tido
quando eu era criança
adolescente. Hoje em dia.
Eu tenho realizado todos estes,
por mais idiota que seja, o mais bobinho.
Só que coisa é criança,
por exemplo, criança não era.
Morava em Goiás, cidade do interior,
entendeu?
Eu lembro quando eu fui para Brasília
uma vez, eu vi os aviões passando.
Nossa, eu queria tanto viajar
de avião. Quando eu crescer
e minha faculdade virar advogado,
mudei para Brasília.
Viajava duas, três vezes no. Mês.
Para lugares diferentes do Brasil.
Era assim. Sonho idiota.
O sonho não
escuta ou escuta.
Vai acontecer. Não é? Vai.
Vai ser uma merda.
Você vai recomeçar várias vezes.
E recomeçar significa luto.
Então você vai viver o luto várias vezes.
Mas continua.
Ai gente,
obrigado por ter ficado aqui
até esse tempo todo com a gente.
Briga pela. Demora, fala com.
A gente, fala muito bem.
Brigada!
Enfim, eu espero que você se está passando
por um luto ou enfim,
se está nessa situação de não,
não só morte de alguém da sua família,
mas um luto como o João falou de amigo
ou relacionamento,
você não está sozinho, tá?
Qualquer coisa manda mensagem pra gente.
Pode deixar um comentário aqui no vídeo
ou então mandar mensagem uma DM
no nosso Instagram
que a gente responde tá bom?
Obrigada por tudo. Obrigada João! Um
obrigado a gente.
Beijo até o próximo episódio. Tchau.
Criadores e convidados
